Em busca de virada, Sartori tenta colar ainda mais em Bolsonaro
Atrás nas sondagens eleitorais, governador pretende usar apoios de políticos de campos opostos na disputa nacional para melhorar desempenho
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Nesta quinta-feira, após a última pesquisa Ibope, divulgada na noite de quarta, apontar Leite com 18 pontos à frente, o MDB reforçou a estratégia que tenta tirar votos de Leite diretamente através da oficialização de apoios de integrantes de outros partidos, a começar pelo DEM-RS, pela presidente do PSL do Rio Grande do Sul, Carmen Flores, e pelos quatro deputados estaduais eleitos do PSL. O DEM estadual é presidido pelo deputado federal reeleito e já indicado para a Casa Civil caso Bolsonaro vença, Onyx Lorenzoni.
Sem ressalva
No evento que oficializou o apoio do DEM e dos integrantes do PSL, o governador em exercício e candidato a vice na chapa de Sartori, José Paulo Cairoli, foi transparente: “Para consolidar a vitória do Sartori precisaremos colar ele no presidente Bolsonaro. O rapaz (Leite) se apresentou hoje mesmo apoiando o Bolsonaro com algumas ressalvas e para nós isto é fundamental: o Sartori não tem ressalva.”
O presidente estadual do MDB, o deputado federal reeleito Alceu Moreira, que pretende disputar a presidência da Câmara dos Deputados, foi além, classificando o momento como 'lindo' e se comprometendo em fazer “com muita força” a defesa do governo Bolsonaro na tribuna da Câmara. “Estamos desenhando aqui a grande virada da eleição. Na hora em que podiam silenciar vocês resolveram gritar e dizer ‘não, não queremos um vacilão, queremos alguém com posição clara’. Nunca vou deixar de lembrar disso.” E o deputado federal reeleito Osmar Terra (MDB), ex-ministro de Temer, arrematou: “Só não estivemos juntos no primeiro turno porque tínhamos o Meirelles.”
Ante os questionamentos sobre se não há constrangimento em apoiar um dos postulantes ao Piratini uma vez que ambos estão com Bolsonaro, Onyx lembrou os ataques do tucano Geraldo Alckmin na campanha do primeiro turno e disse que Sartori é o mais “comprometido com os mesmos valores e princípios” de Bolsonaro.
Os resultados da oficialização do apoio do DEM e de parte do PSL ajudam a animar os militantes e mostrar força mas, na prática, já existiam no primeiro turno, quando Carmen Flores abriu o voto em Sartori, muitas lideranças do DEM fizeram campanha para o governador e, internamente, a preferência do partido por ele era conhecida.
Apoio
Depois de destacar a proximidade com os princípios de Bolsonaro, o governador e os articuladores emedebistas partiram para um almoço no qual 16 prefeitos pedetistas, um do PPS e dois do PP confirmaram apoio a Sartori. O PP e o PPS integram a coligação de Leite. À tarde, foi a vez do ex-candidato do PDT ao governo no primeiro turno, Jairo Jorge, declarar voto no emedebista.
Os movimentos acontecem após o PDT-RS optar por ficar neutro no segundo turno da eleição estadual. E de o diretório nacional decidir pelo apoio crítico a Fernando Haddad (PT) na disputa presidencial, apesar de dissidências pró-Bolsonaro no Rio Grande do Norte, no Amazonas e no Mato Grosso do Sul.
Vendida como uma vitória do governador na busca por uma virada, a efetividade dos apoios, internamente, gera dúvidas entre aliados de Sartori. Tanto porque muitos já existiam de forma reservada como porque há o temor de que o eleitor identifique os movimentos como fisiologismo do partido. Essa ala destaca que a rápida declaração de voto de Sartori em Bolsonaro não se traduziu em pontos nas pesquisas e, ao mesmo tempo, gerou a dissidência pública de emedebistas históricos como João Carlos Bona Garcia e João Carlos Brum Torres. O último anunciou sua desfiliação.