Em meio à fusão, PTB sofre êxodo de principais prefeitos no RS

Em meio à fusão, PTB sofre êxodo de principais prefeitos no RS

Três gestores das cinco maiores cidades sob comando petebista tentarão reeleição por outras siglas

Felipe Nabinger

Schneider, Zanatta e Calvi são alguns dos que deixam o partido

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Em meio aos trâmites da fusão com o Patriota, o PTB sofre um êxodo de prefeitos no RS. Quarto maior partido em número de eleitos em 2020, com 32, além de 27 vices, o partido terá direito a indicar o presidente da Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs) para a gestão 2024/25, no esquema de rodízio entre as siglas com mais prefeituras. Mas nem isso deverá segurar os principais nomes entre cabeças de chapa, ou mesmo entre vereadores. Das cinco maiores cidades geridas pela sigla em, pelo menos, três – Montenegro, Encantado e Estrela – os prefeitos já migraram ou pretendem trocar de partido, mirando a eleição de 2024. Em Bagé, o maior deles, e Capão da Canoa, os prefeitos foram reeleitos em 2020 e não poderão concorrer.

As decisões do ex-presidente nacional Roberto Jefferson, antes de sua prisão em outubro de 2022, a ruptura com o ex-governador Ranolfo Vieira Junior, que ocasionou sua saída do partido em 2021, a alteração da ideologia partidária e a perda de força política são apontadas como fatores para deixar a sigla, que após a fusão passará a se chamar Mais Brasil ou Renovação Democrática (PRD). 

“Estamos passando por essa situação que ninguém gostaria. A briga entre Roberto Jefferson e Ranolfo gerou o imbróglio em que muitos prefeitos, vereadores e deputados começaram a migrar. Esse foi um dos principais pontos que criou a situação negativa no partido, que não tem mais força política”, avalia o prefeito de Montenegro, segundo maior município comandado pelo PTB no Estado, Gustavo Zanatta. 

Para o prefeito, que pretende definir em breve sua nova sigla, buscando a reeleição no município do Vale do Caí, o novo partido “não vai ser o que era antes” e, mesmo atingindo os requisitos para o acesso ao fundo partidário, tende a ser o que se convencionou chamar “nanico”. Podemos e PSDB são seus possíveis destinos.

Jonas Calvi, que foi eleito vice em Encantado, quarta maior cidade entre as prefeituras petebistas, assumiu a gestão em 2021, com a morte de Adroaldo Conzatti (PSDB). Ele elenca também a perda de referências dentro do partido e a “ideologia confusa” como fatores para mudança. “Depois que começou essa situação, que deu essa debandada, acabei perdendo minhas referências no partido. Atualmente, legalmente, sou filiado. Mas não pretendo continuar no PTB”, diz o prefeito, que está há mais de 20 anos na legenda. PSDB, MDB, PP, PDT, União e Podemos são partidos que já procuraram Calvi, que pretende concorrer a reeleição.

Antes deles, Elmar Schneider, de Estrela, já havia se desfiliado do PTB em agosto do ano passado. Após período sem filiação, o prefeito retornará de forma oficial ao MDB, em cerimônia no próximo dia 4 de abril, com a presença do vice-governador Gabriel Souza.

Vereadores aguardam

Em Porto Alegre, a saída do presidente da Câmara dos Vereadores, Hamilton Sossmeier, é considerada certa. No entanto, só deve ocorrer na janela partidária, pois os mandatos são dos partidos e eventuais trocas poderiam acarretar em perda do posto ou disputas jurídicas. A tendência é que Sossmeier ingresse no Podemos, sigla que abriga diversos ex-petebistas, como é o caso do deputado estadual e secretário de Desenvolvimento Rural do RS, Ronaldo Santini.

Movimentos similares devem ocorrer em outros municípios do RS, já sob novo nome da agremiação. O movimento é visto com naturalidade pelo presidente do PTB no RS, deputado estadual Elizandro Sabino em um momento de “reconstrução” onde outros quadros devem ingressar no partido.


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