Em nova reunião com Guedes, Leite busca vencer obstáculos para incluir RS no Regime Fiscal

Em nova reunião com Guedes, Leite busca vencer obstáculos para incluir RS no Regime Fiscal

Governo federal apresenta três pré-requisitos não cumpridos para autorizar adesão ao plano

Lucas Rivas / Rádio Guaíba

Governo federal apresenta três pré-requisitos não cumpridos para autorizar adesão ao plano

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O governador Eduardo Leite (PSDB) participa, na terça-feira, da quinta reunião do ano com o ministro da Economia, Paulo Guedes, em Brasília, a fim de discutir as barreiras impostas pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) para que o Estado assine adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Em outubro, o governador apresentou a Guedes um plano de ajuste fiscal com impacto de R$ 60 bilhões em seis anos. No encontro, o tucano tratou sobre a adesão ao RRF sem afiançar a privatização do Banrisul.

Desde 2017, o Palácio Piratini busca ingressar no programa, que garante a suspensão do pagamento das parcelas da dívida com a União por ao menos três anos, além da ampliação da capacidade de endividamento do governo estadual. Os técnicos da Fazenda estadual superaram alguns obstáculos, desde então, mas o governo federal ainda lista três pré-requisitos para autorizar a adesão do RS ao RRF. O mais delicado envolve a metodologia contábil adotada para definir o percentual da Receita Corrente Líquida (RCL) comprometido pelo Estado com despesas de pessoal. 

Enquanto o Tribunal de Contas do Estado (TCE) mantêm entendimento de que o Piratini gasta menos de 70% da receita com a folha de pagamento e parcelas da dívida com a União, o Executivo assegura que a despesa supera esse percentual, como determina a exigência estabelecida para ingresso no RRF. Porém, as argumentações do governo gaúcho ainda não convenceram a União.

O Palácio Piratini sustenta que o cálculo realizado pelo TCE não leva em conta itens da despesa com pessoal, como gastos com pensões, assistência médica e imposto de renda retido na fonte. Em 2017, o ex-governador José Ivo Sartori (MDB) tentou assinar a adesão, mas teve a iniciativa barrada pela STN, já que comprovou o comprometimento de 62% da RCL com pessoal e dívida. Já o atual governo apresentou um demonstrativo fiscal, com base das despesas de 2018, indicando percentual superior a 69%, o que continua insuficiente para a Secretaria do Tesouro Nacional.

Além de ter de comprovar o gasto real com pessoal, o Estado também deve apresentar um plano de recomposição da dívida com os saques dos depósitos judiciais, que chega a cerca de R$ 10 bilhões. Em 2015, o Estado passou a ser autorizado a sacar até 95% do dinheiro reservado para o cumprimento de sentenças judiciais de terceiros, 10 pontos percentuais acima do limite anterior, em vigor desde 2003. Em 16 anos, foram pagos, só em juros, mais de R$ 1 bilhão ao Poder Judiciário.

Eduardo Leite ainda precisa apresentar soluções para zerar o passivo com precatórios. Conforme a legislação vigente, o RS deve zerar os quase R$ 16 bilhões de precatórios até 2024. Contudo, o Estado segue atento ao Congresso, uma vez que a chamada “PEC dos Precatórios”, já aprovada no Senado e agora em análise na Câmara, prorroga o prazo até 2028. O regime especial prevê aportes limitados e permite o uso de depósitos judiciais para quitar o passivo.

STF mantém suspensão do pagamento da dívida

O Piratini segue amparado por uma liminar do ministro Marco Aurélio Melo, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu em 2017 o pagamento mensal de R$ 270 milhões para amortizar o passivo com a União. Desde então, a dívida acumulada com o governo federal gira em torno de R$ 8 bilhões.

Adesão ao RRF deve ficar para 2020

No fim de novembro, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, admitiu que nenhum governo estadual deve ser contemplado pelo regime fiscal em 2019. Ainda assim, ele afirmou que o RS é o que está em processo mais avançado para ingressar no programa. “No começo do ano esperávamos que Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás entrassem no RRF, mas isso não ocorreu. As assinaturas devem ficar para 2020”, completou. O plano existe desde 2017, mas apenas o Rio de Janeiro conseguiu aderir ao regime, até o momento.


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