Em Portugal, Lula reclama dos juros altos e diz que Brasil não vai vender empresas públicas

Em Portugal, Lula reclama dos juros altos e diz que Brasil não vai vender empresas públicas

No raciocínio do presidente, o ciclo virtuoso da economia será restabelecido quando a Selic baixar

AE

publicidade

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva repetiu a uma plateia de empresários brasileiros e portugueses, em Portugal, que o "Brasil tem um problema que é a taxa de juros muito alta". O presidente disse que esse nível de juros - Selic em 13,75% ao ano - desestimula investimentos e impede o consumo. Em seguida, Lula defendeu um ciclo de estímulo à economia que passe pelo consumo das classes menos favorecidas.

No raciocínio do presidente, com juros baixos e aumento de consumo, o ciclo virtuoso da economia será restabelecido. "A solução do Brasil é colocar o pobre para comprar. Já fizemos isso uma vez e vamos fazer de novo", disse.

Durante toda a sua fala no Fórum Empresarial, que acontece em Matosinhos, ao Norte de Portugal, Lula frisou que quer parcerias com os empresários brasileiros e estrangeiros para promover o crescimento e o desenvolvimento do Brasil. Nesse sentido, voltou a avisar que não venderá empresas públicas. "O que queremos é parcerias. Vendemos empresas públicas para pagar juros e os serviços não melhoraram", afirmou. Em seguida, o presidente criticou a privatização da Eletrobrás: "foi vendida e a primeira coisa que fez foi aumentar os salários da diretoria".

O presidente garantiu aos empresários que irá promover a estabilidade política, social e jurídica, criando um ambiente para atrair investimentos. "Já fomos a sexta economia do mundo e retrocedemos para a 12ª. Vamos retomar pois o Brasil está pronto para ser grande, importante e atraente", disse, acrescentando que passou os três primeiros meses de seu terceiro mandato restabelecendo políticas sociais, de ensino, que tinham sido "destruídas nos últimos quatro anos".

"Em três meses, preparamos o Brasil para um salto de qualidade. Voltamos a governar para fazer o Brasil retomar a importância. Não podemos ficar trancados a quatro chaves e vamos fazer o Brasil retomar sua importância". Lula citou diversas áreas e setores em que o Brasil apresenta destaque e excelência e destacou o segmento de energia renovável, onde Portugal está bastante presente. "O Brasil tem 80% de energia limpa", disse, lembrando também que este ano serão feitos R$ 23 bilhões de investimentos em infraestrutura.

O presidente afirmou ainda que uma das decisões desta visita foi a criação de uma agência da Apex em Lisboa e voltou a repetir que, depois de seis anos afastado do mundo, o Brasil está de volta ao cenário internacional.

"Economia não gira em torno da Selic"

Na última sexta-feira (21), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a economia não gira em torno da taxa básica de juros da economia brasileira. A resposta foi dada durante o evento Lide Brazil Conference, em Londres, a um empresário que havia afirmado que o elevado patamar da taxa de juros atrapalha o crescimento do país.

Campos Neto falou que só 20% do crédito é ligado à Selic, e o restante está relacionado a taxas longas. "Obviamente, o Banco Central quer cair o juro", disse. "Se a gente não conseguir fazer um movimento na Selic com credibilidade, a taxa longa não cai", justificou o presidente do BC. "O que move o Brasil não é a taxa de juros de um dia, é a taxa de juros de três, cinco, dez anos. Para fazer com que a queda da Selic gere um movimento de queda prolongada de juros, precisa ter credibilidade. O Banco Central está esperando o melhor momento para fazer isso com um ganho real para as pessoas. A economia não gira na Selic", completou.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895