Empresários gaúchos são citados em "Panama Papers", diz jornalista

Empresários gaúchos são citados em "Panama Papers", diz jornalista

Estão previstos mais dez dias de reportagens sobre personalidades com empresas em paraísos fiscais

Correio do Povo e Rádio Guaíba

Empresários gaúchos são citados em Panama Papers, diz jornalista

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A "Panama Papers", grande reportagem que começou a revelar nesse domingo nomes de políticos e personalidades que possuem empresas offshores em paraísos fiscais, deve chegar ao Rio Grande do Sul nos próximos dias. Segundo o jornalista André Shalders, um dos 376 repórteres responsáveis pela investigação mundial, empresários gaúchos estariam na lista de pessoas envolvidas com contas bancárias ou companhias abertas fora do Brasil com a ajuda do escritório Mossack Fonseca.   

"Nós chegamos a nomes de gaúchos, mas eles não são políticos, são empresários. Eu não posso revelar nomes porque eles devem aparecer nas próximas reportagens. Ainda teremos mais dez dias para a publicação de matérias relacionadas a este caso", explicou Shalders em entrevista à Rádio Guaíba nesta segunda-feira.

Conforme Shalders, o consórcio de jornalistas conta com pessoas de 76 países diferentes e que trabalham em 109 veículos de comunicação. Ele explicou como o grupo de repórteres conseguiu redigir as matérias em conjunto e revelar um suposto esquema: "Quando tivemos acesso ao material, fizemos uma varredura e, em um cruzamento de dados, chegamos, em âmbito brasileiro, aos nomes de 513 deputados, 81 senadores, ministros de estado e juízes federais para não deixar passar nada."    

Shalders salientou que a simples afirmação de que pessoas possuem offshores não significa que elas estejam envolvidas em atos criminosos. Segundo ele, é possível usar este método de maneira legal e legítima. "É o caso de alguns políticos que foram citados e que deram uma resposta sobre a citação de seus nomes. Alguns justificaram, como foi o caso de Luciano Lobão, filho do ex-ministro Edson Lobão, que pagou todos os impostos devidos", acrescentou. 

O repórter contou que ainda não há como saber o total de valores envolvidos em transações de brasileiros. "O que nós sabemos é que há 1,7 mil offshores envolvidas. Cada caso significa uma leitura de documentos e a partir disso elaboramos as matérias", explicou.

Barbosa e o imóvel em Miami 

Shalders relatou que o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, foi citado no Panama Papers depois de adquirir um imóvel em Miami, nos Estados Unidos. Ele contou que o caso do magistrado apontaria para o não pagamento de um imposto em solo norte-americano. "Quando você compra um imóvel em Miami, você paga um imposto e ele fica registrado de forma pública no condado de Miami. No caso do Joaquim, o imposto ficou em branco, com valor zerado. Isso significa que, de alguma forma, o valor deixou de ser pago. Não se trata de uma quantia grande, é cerca de 2 mil dólares. O Barbosa conversou conosco e disse que fez como muitos brasileiros fazem: encaminhou o dinheiro para uma empresa especializada em imóveis e ela ficaria responsável pelas formalidades e por pagar a imobiliária", completou.

O repórter disse que Barbosa teria recebido tratamento vip quando foi atendido pela Mossack Fonseca. "Ele (Barbosa) conseguiu abrir a offshore rapidamente. Levou cerca de sete dias para isso", afirmou. 

Shalders destacou que a Mossack Fonseca é líder global no que diz respeito a offshores e que também teria sido usada neste processo todo. "O banco ou o escritório de advocacia propõe uma solução tributária para uma pessoa que quer comprar um imóvel fora do País. Ela cria a companhia, elabora documentos e legaliza tudo junto ao consulado brasileiro. Embora a Mossack Fonseca tenha um objetivo legítimo, ela foi usada por sonegadores criminosos para operações ilegais", declarou. 




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