Ex-funcionária diz que foi demitida em licença pela nova ministra do Trabalho

Ex-funcionária diz que foi demitida em licença pela nova ministra do Trabalho

Mulher afirma que torceu o joelho quando levava os cães de Cristiane a um veterinário

AE

Mulher afirma que torceu o joelho esquerdo quando levava os cães de Cristiane a um veterinário para serem castrados

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Processada na Justiça trabalhista por dois motoristas que foram seus empregados, a nova ministra do Trabalho, Cristiane Brasil (PTB-RJ), também é acusada por outra ex-auxiliar, Aline Lucia de Pinho, de supostas irregularidades trabalhistas.

Segundo Aline, a parlamentar a demitiu quando estava licenciada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), por acidente de trabalho. A ex-assessora foi contratada como funcionária pública na prefeitura do Rio, mas diz ter trabalhado como motorista particular e prestado serviços para Cristiane. A posse da deputada no cargo, marcada para esta terça-feira, foi suspensa pela Justiça.

Aline estava lotada em cargo comissionado como assessora (DAS-7) na Secretaria Especial do Envelhecimento Saudável do Rio. A petebista comandou a pasta na gestão de Eduardo Paes (MDB). No início de 2017, Aline foi exonerada pela gestão Marcelo Crivella (PRB). Cristiane passou a pagar diretamente à motorista, mas, após algum tempo, quando Aline ainda estava licenciada, a dispensou, segundo a ex-assessora. A reportagem da Agência Estado procurou a assessoria da nova ministra. Não houve resposta até a conclusão desta edição.

Aline contou que, em novembro de 2016, torceu o joelho esquerdo em uma queda, quando levava os cães de Cristiane a um veterinário para serem castrados. De acordo com a ex-funcionária, Cristiane não acreditou que ela tivesse se acidentado durante o expediente nem que ela precisaria ser submetida a uma cirurgia para correção da lesão.

"Eu cheguei para a Cristiane e disse que tinha escorregado descendo a escada, fazendo esse serviço particular para ela. Ela não acreditou. A minha sorte é que tinha uma funcionária dela comigo e viu tudo", disse Aline. "Mesmo eu levando tudo para ela, a ressonância (magnética), ela não acreditou e me mandou ir a um médico da confiança dela. Ele também disse que eu teria que operar."

Demissão

Um mês depois do acidente, em dezembro de 2016, segundo Aline, ela foi licenciada pelo INSS. Em janeiro, soube que fora exonerada pela nova gestão na prefeitura carioca. Sem o salário da secretaria, Aline ainda continuou a receber informalmente de Cristiane o valor de R$ 1,5 mil  (metade do que recebia na pasta). Foi demitida por Cristiane, em março de 2017.

A Previdência Social, em janeiro de 2017, concedeu a licença à motorista até abril de 2017. Depois, a instituição a prorrogou até agosto de 2017, "tendo em vista que foi constatada incapacidade para o trabalho", segundo documento do INSS.

Aline trabalhou por cerca de dez anos para Cristiane, desde a época em que a parlamentar era vereadora. Desde 2009, quando a hoje futura ministra assumiu a Secretaria Especial do Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida da capital fluminense, há no Diário Oficial do Município do Rio registros de nomeações da motorista para cargos de confiança (sem necessidade de concurso) na pasta.

Mesmo após Cristiane ter saído da secretaria para assumir o mandato de deputada federal, Aline continuou lotada e a receber salário pela pasta. Também continuou a prestar serviços particulares para a petebista, como consta de edições de 2016 do Diário Oficial do Rio.

Processos

Segundo Aline, quatro motoristas atuavam em rodízio para atender às agendas de Cristiane e de seus dois filhos. Dois dos profissionais já processaram a nova ministra do Trabalho na Justiça do Trabalho reivindicando direitos como carteira assinada e controle de jornada.

Para o advogado de Aline, Norberto Gava Alvite, o caso da ex-funcionária é semelhante aos dos outros dois motoristas. Alvite disse que tem entrado em contato com assessores de Cristiane para tentar uma solução de conciliação, antes de mover o processo contra a futura ministra. Ainda não obteve retorno. Afirmou ainda que avalia se processará também a prefeitura do Rio.

"Aline sofreu o que chamamos de acidente de trabalho. Em tese, nessas condições, ela não poderia ter sido demitida. Além disso, Cristiane não quis reconhecer nenhum vínculo trabalhista com Aline. O que ela fazia era usar funcionários lotados na secretaria, não para atender ao interesse público, mas aos interesses dela", afirmou.

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS), que absorveu as funções da Secretaria Especial do Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida, extinta por Crivella, disse que só poderia responder sobre o caso nesta terça-feira.

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