Famurs pede suspensão da tramitação da PEC que extingue plebiscito para venda da Corsan

Famurs pede suspensão da tramitação da PEC que extingue plebiscito para venda da Corsan

Prefeitos tiraram posição nesta manhã e encaminharão documento ao Executivo e à Assembleia

Flavia Bemfica

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É grande a resistência entre prefeitos gaúchos à forma como o governo do Estado apresentou a proposta de privatização da Corsan e os gestores municipais prometem se mobilizar para garantir autonomia nos debates. O primeiro embate deve ocorrer em breve, e ficou definido nesta manhã. Em reunião virtual de mais de duas horas de duração, e que chegou a contar com a participação de 301 prefeitos, a Famurs aprovou uma nota na qual solicita ao Executivo e à Assembleia Legislativa a suspensão da tramitação no Legislativo da PEC que desobriga a necessidade de realização de um plebiscito para decidir sobre a privatização da Corsan, do Banrisul e da Procergs.

“Sem os municípios não existe Corsan. São os municípios que detêm o direito à água e ao esgoto. Portanto, o destino da Corsan não pode ser decidido sem a participação dos municípios. Não abrimos mão do nosso direito de participar. (...) Privatizada ou não, é fato que ela (Corsan) deve e pode melhorar. Assim, até que este diálogo seja realizado, e o projeto apresentado com clareza e transparência, solicitamos ao governo do Estado e à Assembleia do RS a suspensão da tramitação da PEC que extingue o plebiscito. É preciso diálogo verdadeiro. É preciso transparência. É preciso clareza. Qual é o projeto? Por que a pressa?”, diz trecho do documento.

“Nossa nota é um pouco dura, mas é bem clara. O governador, na nossa opinião, não poderia ter lançado a ideia da privatização sem debater com os municípios. Já solicitamos também audiências com o Executivo e vamos participar de todos os fóruns que tratem do tema”, resumiu, após o encontro, o presidente da Famurs, Emanuel Hassen.

 Na reunião, entre os que falaram, ocorreram manifestações contrárias e favoráveis à privatização, com maioria das primeiras. Mas foi praticamente unânime entre os prefeitos o entendimento de que o Executivo estadual “atropelou” as administrações municipais. Entre as principais preocupações externadas pelos gestores está o receio sobre o que acontecerá com os serviços de abastecimento de água e esgoto em pequenas cidades nas quais eles não dão lucro. Hoje, a Corsan utiliza o chamado subsídio cruzado para manter o equilíbrio tarifário e os investimentos. Os municípios, detentores das concessões, firmam contratos com a companhia, que mantém uma equação na qual o lucro obtido em operações em cidades superavitárias ajuda a sustentar investimentos e tarifas das que não dão lucro.

Os prefeitos também pontuaram ressalvas a argumentação do Executivo estadual, de que a Corsan não teria condições de arcar com os investimentos necessários exigidos pela legislação para os próximos anos. Conforme levantado por parte dos gestores, o financiamento destes investimentos deverá vir de bancos públicos, em especial do BNDES, e a contratação pode ser feita pela Corsan. Já a qualidade dos serviços prestados hoje pela companhia dividiu opiniões. Enquanto uma fatia dos gestores elogiou a companhia, outra assinalou a falta de investimentos, principalmente nos serviços de esgoto.

A Corsan é uma sociedade de economia mista, de capital aberto, na qual o governo do RS, detentor de 99,99% do capital total, é o principal acionista. Neste mês de março o governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou o objetivo de ofertar ações em bolsa, de forma a que o governo abra mão do controle acionário, diminuindo sua participação para aproximadamente 30%. A companhia atua em 317 cidades do RS, com serviços disponibilizados a seis milhões de habitantes (pouco mais da metade da população total do Estado).

 

 


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