Federações partidárias poderão impactar nas eleições municipais de 2024

Federações partidárias poderão impactar nas eleições municipais de 2024

Criadas em 2022, modelo segue em discussão e envolve várias siglas

Flavia Bemfica

Urna eletrônica para as eleições

publicidade

Inaugurado no pleito de 2022, o modelo das federações partidárias segue em discussão por uma série de partidos, com boas chances de se tornar tendência para as eleições municipais de 2024, mesmo que parte do eleitorado continue sem conhecer o mecanismo. Neste final de março, após naufragarem as tratativas entre PP e União Brasil, as negociações mais promissoras para formação de uma federação são protagonizadas por PDT, PSB e Solidariedade.

E o PSDB, que desde o ano passado está federado com o Cidadania, admite conversações com o MDB e o Podemos, de forma a ampliar o bloco. Mesmo que, de forma concreta, hoje a junção entre MDB e PSDB se mostre inviabilizada por uma série de fatores. O principal deles o fato de o MDB integrar a base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e manter no horizonte o nome da ministra do Planejamento Simone Tebet como alternativa para compor a chapa presidencial em 2026, enquanto o PSDB é oposição e sonha liderar um projeto de centro-direita nas próxima corrida ao Planalto.

Questões regionais e interesses individuais também vêm se colocando como óbices para as formações dos blocos. Foi o que acabou de acontecer com o PP e o União Brasil. Os dois ensaiaram formar uma federação que já tinha até nome, União Progressista, e lhes colocaria como o maior grupo partidário da Câmara dos Deputados, com 108 parlamentares (59 do União e 49 do PP), aumentando significativamente seu poder de negociação e consequente ocupação de espaços. Mas, na etapa final, as conversas fracassaram.

“No RS, em 2024 faríamos sem dúvida o maior número de prefeitos, vices e vereadores. E teríamos um partido competitivo de direita, não de extrema direita, para 2026. Porque as federações, todos reconhecem, são uma espécie de primeiro passo de uma futura fusão”, estima o presidente estadual do PP, Celso Bernardi.

Ele nega que o fato de o União Brasil ocupar diretamente dois ministérios, ter um terceiro na cota e estar dividido sobre o apoio, com votos no Congresso, à administração Lula, tenha prejudicado as negociações. “Não foi isso. O que nos foi assegurado, sempre, é de que não seríamos empurrados para o governo, a federação não seria um atalho para isso. O PP do RS é oposição, todos sabem. Não temos afinidade nem ideológica e nem de gestão com o PT”, elenca Bernardi.

O presidente do União Brasil no RS, o deputado Luiz Carlos Busato, vai além, com críticas a lideranças nacionais das duas legendas. “O fato é que prevaleceram as individualidades sobre o espírito coletivo. O Arthur Lira (PP/AL) e o Elmar Nascimento (União/BA) olharam muito as questões deles, o que levariam de vantagem. O Lira pretendia presidir a federação. E o Elmar vislumbrava ser o próximo presidente da Câmara. Mas, no União, não foi conversado com ninguém da bancada, os 59 deputados não participaram das tratativas, não foram levados em conta os estados que seriam prejudicados, e onde precisaria haver compensações, não foi feita uma regra. No RS, por exemplo, apesar da ótima relação que tenho com nossos amigos do PP, seríamos ‘engolidos’”, sustenta Busato.

Para o parlamentar, a participação de integrantes do partido no governo atrapalhou também. “Porque, na verdade, nenhum deles representa a Câmara. Os deputados não foram consultados, não tiveram nada a ver com as indicações, mas estava sendo colocada na nossa conta a cobrança por fidelidade ao governo”, elenca. É de Busato a iniciativa de promover visitas de parlamentares da bancada aos ministros da sigla a partir desta semana, de modo a qualificar as relações. “A ideia é visitar, entender o que há nos ministérios, o que é possível levarmos para nossos estados. Agora é que começaremos a fazer isso.”

 


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895