Fernando Cury considera expulsão de partido decisão antidemocrática

Fernando Cury considera expulsão de partido decisão antidemocrática

Em reunião nesta quinta-feira, partido decide se expulsará deputado estadual após acusação de importunação sexual

R7

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O deputado Fernando Cury (Cidadania) pode ser expulso por membros de seu partido nesta quinta-feira. Uma reunião que ocorrerá às 18h30min decidirá o futuro do parlamentar quase um ano após ter importunado sexualmente a colega e deputada Isa Penna (Psol). Cury classificou o processo de desligamento da leganda como "antidemocrático".

O ato contra a deputada Isa Penna (Psol) ocorreu em 16 de dezembro e foi registrado pelas câmeras da Assembleia Legislativa de São Paulo. "Espero, por respeito, que ao menos seja julgada minha apelação e também o agravo de instrumento antes que o Cidadania me submeta a esse julgamento. Reforço que o processo de desligamento é antidemocrático", afirmou por meio de nota.

O deputado disse ainda que o desligamento "atropela o devido processo legal para criar um fato político". "Não há o intuito de se fazer justiça pois, caso fosse essa a intenção, aguardariam o término dos prazos dos recursos na ação judicial para dar andamento a este processo."

O deputado disse ainda, em sua defesa, que há outras etapas do processo que devem ser cumpridas. "Temos uma apelação para ser julgada e também um agravo de instrumento para ser apreciado. O Cidadania tem até o dia 12 pra apresentar as contra razões da minha apelação, mas querem fazer uma manobra criando um fato político para me expulsar antecipadamente, hoje, dia 11."

Cury alega ainda que o presidente do partido, Roberto Freire, estaria impedido por ter pré-julgado o caso. "Reforço que o partido busca apenas um fato político, pois a justiça ainda nem declarou minha sentença", disse ele.  "Acredito na justiça e, assim que o TJDF reverter a decisão do partido, buscarei minha reparação."

Assédio em plenário

O caso de assédio de Fernando Cury a Isa Penna ocorreu em 16 de dezembro passado, e foi registrado pelas câmeras da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo).

As imagens mostraram Cury conversando com outros dois parlamentares, se aproximando de Penna por trás e apalpando seu seio; a deputada rapidamente reagiu e afastou a mão do colega. Devido ao recesso da Alesp no fim do ano, a deputada pediu em janeiro a convocação de uma sessão extraordinária para julgar o caso.

Ao depor no Conselho de Ética, Cury se defendeu dizendo que o que chamou de abraço havia sido um gesto de gentileza, e se desculpou “por qualquer tipo de constrangimento e ofensa”. Diante a defesa do parlamentar, Penna afirmou ter sido revitimizada.

Em abril, a Alesp decidiu suspender por 180 dias o mandato do deputado estadual. Foram 86 votos pela suspensão, em votação unânime. O caso passou pelo Conselho de Ética, que decidiu levar a votação uma suspensão de 119 dias. Os partidos, no entanto, entraram em acordo para ampliar a punição para 180 dias, sem direito a salário nem gabinete.

A discussão da punição a Cury passou por pedidos para sua cassação. Era o que reivindivaca a defesa de Isa Penna. Isa, no entanto, reconheceu que a penalidade não teria apoio da maioria dos parlamentares. Por isso, segundo a deputada, a aprovação do afastamento de Cury por seis meses já significaria um avanço "tímido" do caso.

"É importante não aprovar aquele relatório aprovado no Conselho de Ética", defendeu Isa nesta quinta, ainda durante as tratativas para ampliar a punição. O parecer do colegiado, aprovado em 5 de março, previa o afastamento de Cury por 119 dias, com gabinete em funcionamento e sem convocação de suplente.


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