FHC cobra votação em favor da Previdência

FHC cobra votação em favor da Previdência

Ex-presidente afirmou que atual sistema ficou insustentável e deve ser mudado sem medo

AE

FHC cobra votação em favor da Previdência

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A Reforma da Previdência foi defendida neste sábado, por tucanos durante a convenção nacional da sigla, em Brasília. Além do governador paulista Geraldo Alckmin, eleito presidente do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma defesa enfática das mudanças. FHC afirmou que o atual sistema ficou insustentável e deve ser mudado sem "medo". Mas nem mesmo a cobrança levou o partido a fechar questão sobre o tema. "Temos de ter palavras diretas para falar ao povo o que acreditamos. Temos história, fizemos muita coisa neste País. Muitas vezes, lutei com o Congresso para dizer que a Previdência seria insustentável. Temos de votar a reforma da Previdência", disse o ex-presidente.

FHC afirmou ainda que a discussão sobre o tema não deve estar vinculada ao medo de impacto na disputa eleitoral. "Não podemos fechar os olhos. Temos de explicar o porquê votamos sem medo das eleições. Ganhei do Lula duas vezes", afirmou, cobrando "energia" do partido sobre a questão.

Em 1998, o ex-presidente conseguiu aprovar uma mudança na Previdência: a criação de uma idade mínima para a aposentadoria os servidores públicos. Ele tentou também a imposição de um piso etário para os trabalhadores do setor privado, vinculados ao INSS, mas foi derrotado. A votação é lembrada até hoje porque o governo perdeu por apenas um voto, que poderia ter sido garantido por aliados do então presidente do próprio PSDB. Uma das abstenções foi do deputado tucano Antonio Kandir, ex-ministro do Planejamento de FHC, que alegou ter errado o voto.

O deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB-BA), que deixou anteontem o comando da Secretaria de Governo, defendeu que o PSDB dê uma votação "expressiva" a favor da Reforma da Previdência. "A gente espera que o PSDB, mantendo essa linha programática, apoie maciçamente a reforma". O parlamentar reforçou que a posição dos tucanos é determinante para o avanço da proposta de emenda à Constituição (PEC) que altera as regras para se aposentar no Brasil.

FHC diz que prefere combater Lula na urna do que vê-lo na cadeia

Em um discurso de improviso, o FHC lembrou que já derrotou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva duas vezes nas eleições, mas que o partido tem seus valores e que estes valores precisam primar sobre os interesses eleitorais. "Prefiro combatê-lo na urna que vê-lo na cadeia", disse o presidente de honra do partido.

Em sua fala, FHC sugeriu que o partido ouça mais a população, que por sua vez está irritada e enojada com a classe política e pregou que é preciso voltar a sentir o orgulho de ser brasileiro. "Vamos ser gente como a gente, precisamos de mais povo", conclamou. O ex-presidente ressaltou que a população quer melhorar sua vida, precisa de segurança, saúde e educação, temas que afetam a todos.

Ele reclamou que "é duro assistir à tragédia que o País passou" e "arruinou" a nação, uma vez que a corrupção tomou parte da política brasileira. "Precisamos entender que nós também erramos e temos de corrigir o que erramos", enfatizou.

FHC fez duras críticas às estruturas partidárias, que segundo ele ficaram envelhecidas. Para o tucano, a existência de 28 partidos políticos no País não é normal, é uma "sopa de letra", não agremiação partidária. O ex-presidente previu que o povo pode voltar às ruas se os governos "errarem muito". "Sei que muita coisa foi errada, mas temos forças suficientes para reconstruir o PSDB", disse.

Sem consenso

A cobrança do ex-presidente, que foi o penúltimo orador do partido a falar na convenção, contrapôs a falas de alguns dirigentes partidários durante o evento. O ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman, que deixou o cargo de presidente em exercício do partido, afirmou que o PSDB não deve conseguir ter uma posição única sobre a reforma como PMDB, partido do presidente Michel Temer, e do PTB, que fecharam questão a favor do texto - isso significa no jargão político punir aqueles votarem contra a proposta. Goldman, contudo, disse que a reforma da Previdência é uma bandeira antiga do partido e essencial para o País.

No Placar da Previdência, elaborado pela reportagem, apenas seis de 46 deputados da bancada declararam ser favoráveis à aprovação. Doze afirmaram que votarão contra a proposta e 10 se declararam indecisos. Outros 18 não quiseram responder ao levantamento. Nas contas do líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP), quase metade da bancada de 46 deputados deve votar favoravelmente ao texto. "Não dá para jogar tudo no colo do PSDB", afirmou.

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