"Foi cuspe trocado", diz testemunha de Jean Wyllys no Conselho de Ética

"Foi cuspe trocado", diz testemunha de Jean Wyllys no Conselho de Ética

Jair Bolsonaro teria chamado deputado de "bichinha" no dia da votação do impeachment de Dilma Rousseff

AE

"Foi cuspe trocado", diz testemunha de Jean Wyllys no Conselho de Ética

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O Conselho de Ética retomou nesta quarta-feira, a oitiva das testemunhas do episódio envolvendo a cusparada do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) em Jair Bolsonaro (PSC-RJ) no dia 17 de abril, data da votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados.

Em seu depoimento, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) disse que ouviu Bolsonaro provocar Wyllys, chamando de "bichinha", "franguinha" e "queima-rosca". O petista disse que no dia da sessão o clima de disputa estava conflagrado e, assim como outros parlamentares, Wyllys teve de enfrentar um verdadeiro "corredor polonês" na hora de declarar seu voto.

"Agora é a vez do bichinha", teria dito Bolsonaro, segundo Luiz Sérgio. O parlamentar viu o momento do cuspe em direção a Bolsonaro e disse que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) também retribuiu o cuspe, respingando sobre seu cabelo. "Foi cuspe trocado", relatou.

Luiz Sérgio disse que viu a tentativa de se criar um fato político envolvendo Wyllys e que se fosse ele naquela situação, não saberia dizer como reagiria à provocação. O petista afirmou que o episódio precisa servir de reflexão no Parlamento de como os deputados devem conviver com o diferente, como travestis e transexuais, que futuramente poderão ser eleitos. "É preciso debater procedimentos de como conviver com o diferente de forma responsável", pregou.

Já os aliados de Bolsonaro têm sustentado no conselho de que ele não provocou Wyllys, apenas usou a expressão "Tchau, querida", termo usado para provocar os defensores da ex-presidente Dilma. "A fala era repetida aleatoriamente, não tinha intenção de atingir ninguém", disse o deputado Marcus Vicente (PP-ES).

Wyllys responde a processo por quebra de decoro parlamentar e pode ser suspenso por até seis meses pelo "ato atentatório". A análise da representação ainda está em fase preliminar e caberá ao colegiado decidir se dará prosseguimento ou se vai arquivar o processo. O processo contra Wyllys é fruto de seis representações levadas à Corregedoria da Casa, sendo duas delas do ator Alexandre Frota.

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