Frente Negra Gaúcha busca representatividade na política para afrodescendentes

Frente Negra Gaúcha busca representatividade na política para afrodescendentes

Grupo busca mudar cenário no Estado, que não tem representantes negros no parlamento da Assembleia

Eduardo Amaral

Busca de protagonismo é meta, com apoio a partidos alinhados

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A pouca representatividade negra nos cargos de poder é um tema recorrente entre estudiosos e movimentos sociais. O problema de representatividade pode ser confirmado ao analisar os cargos políticos do estado, mesmo representando 18,2% da população gaúcha, a Assembleia Legislativa não tem nenhum deputado negro. Na Câmara de Vereadores da Capital o quadro é um pouco diferente, já que há uma vereadora negra, mas que assumiu o cargo após a titular ser eleita deputada federal. Incomodados com este cenário, um grupo de cerca de 60 pessoas criou a Frente Negra Gaúcha.

O grupo se formou há três meses, e de acordo com seus criadores pretende atuar de forma suprapartidária na formação política visando colocar pessoas afrodesencentes em cargos de poder. O lançamento oficial da Frente está marcado para o dia 16 de novembro, quando começa a Semana da Consciência Negra. A proposta é atuar com candidatos de diferentes partidos, desde que estejam alinhados com as pautas da Frente.

Com poucos representantes, e por vezes nenhum, representante as pautas negras acabam ficando sem destaque nos parlamentos e mesmo nas políticas públicas. Demonstração disso é o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH) de Porto Alegre, que aponta a cidade mais desigual do país quando comparadas as populações negras e brancas da cidade. Enquanto o índice é de 0,705 entre os negros, os brancos têm um IDH Municipal de 0,833. Quanto mais próximo de 1, melhor o desenvolvimento humano da população.

Maria Cristina Santos, diz que foi “da indignação” que nasceu a ideia da Frente, da qual ela é uma das conselheiras. “A comunidade negra não estava satisfeita com o fato de não sermos protagonistas”, explica. Cristina destaca que mesmo nos partidos com núcleos negros, as pessoas que ocupam cargos de destaque e comando ainda são predominantemente brancas. Para Cristina, para que “políticas públicas sejam feitas é necessário ter a representatividade.”

Coordenador da Frente Negra, João Carlos Almeida deixa claro que a atuação visando a eleição de negros já deve iniciar em 2020. A ideia do grupo é apoiar candidaturas de pessoas que, além da cor, também se identifiquem com as pautas dos movimentos como, por exemplo, as ações afirmativas. “A gente sempre sofreu dificuldade de representação e de organização e queremos mudar isso. A tendência é crescer em número de pessoas a partir do lançamento oficial.” Até agora, foram feitas 12 reuniões que debateram as estratégias, nas quais estão ações de formação em periferias, escolas de samba, clubes de futebol e outros lugares que são historicamente ocupado por negros.

 


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