Funaro analisa acordo de delação, afirma advogado

Funaro analisa acordo de delação, afirma advogado

Doleiro teria indicado poder comprovar uso de recursos ilegais em campanhas de Temer e do PMDB paulista

AE

publicidade

O advogado Cezar Bittencourt admitiu nesta quarta-feira que o doleiro Lucio Bolonha Funaro, preso desde 1,º de julho de 2016, "está interessado" em fazer acordo de delação premiada. Furano é apontado como operador de propinas do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso no Curitiba (PR).

Cezar Bittencourt deixou na terça-feira a defesa de Funaro, alegando "conflito de interesses" porque ele também defende o "homem da mala", o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) e ex-assessor especial do presidente Michel Temer. Loures está preso desde sábado passado após perder a prerrogativa de foto privilegiado.

A possível delação de Funaro com a Procuradoria-Geral da República apresenta riscos a Temer e também ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco. Em negociação com o Operação Lava Jato, Furano teria indicado que pode comprovar uso de recursos ilegais em campanhas de Temer e do PMDB paulista, na campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo.

Funaro está preso em Brasília desde junho do ano passado após a PF deflagrar a Operação Sépsis. Ele é réu com ex-deputado Eduardo Cunha por esquema de desvios na Caixa. É ainda alvo de inquéritos no STF que apuram o envolvimento de políticos peemedebistas no esquema de corrupção na Petrobras com articulação na Câmara. Caso faça a delação, Funaro pode elevar a crise no Planalto.

Irmã foi presa

A polícia federal também prendeu a irmã de Lucio Funaro, Roberta Funaro. Ela foi detida na Operação Patmos, desdobramento da Lava Jato, em 18 de maio deste ano. Hoje ela está em prisão domiciliar. Roberta foi filmada pela PF recebendo valores do Grupo J&F em nome do irmão.

Os pagamentos, segundo os delatores da J&F, seriam uma forma de comprar o silêncio de Funaro e evitar que ele assinasse um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal. O operador foi preso na delação de Fabio Cleto, ex-vice presidente de Fundos e Loteria da Caixa.

Segundo a delação de Cleto, Funaro atuava em nome de Eduardo Cunha no recebimento de propina para liberação de aportes milionários do fundo do FGTS para grandes empresas, entre elas, a Eldorado Celulose, do Grupo J&F.

Alvo da operação Patmos, Roberta tem uma filha de três anos. No início de junho, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), colocou Roberta em prisão domiciliar.

Para o ministro Fachin, a filha de 3 anos sustenta a possibilidade de prisão domiciliar desde que atendidas algumas providências. Entre elas, estão o uso de tornozeleira eletrônica, a entrega do passaporte e a proibição de contato com os demais investigados na operação Patmos.

Como Roberta também é responsável pela sua mãe, internada em hospital de São Paulo por conta de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Fachin liberou que ela se encaminhe até o hospital pelo período de até quatro horas semanais.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895