"Governador precisará mostrar a que veio" projeta diretora do IPO

"Governador precisará mostrar a que veio" projeta diretora do IPO

Analista destaca desafios que Leite deverá enfrentar nos próximos períodos

Flavia Bemfica

Campanha começa em ritmo lento

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Referência em estudos sobre o contexto político, a cientista social e política Elis Radmann, diretora do Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), analisou, a pedido do Correio do Povo, as causas do ritmo lento dos 100 dias do governo estadual e projetou movimentos futuros. “Este semestre será derradeiro para o governador Eduardo Leite (PSDB). Vai precisar mostrar a que veio. Vai ter que apresentar um plano efetivo e concreto para os grandes problemas do Estado. Ele ainda está com o salvo-conduto dos 100 dias, mas isto vai se esgotar. E o ‘Centrão gaúcho’ vai exigir uma permanente construção política. Para ele, o segundo mandato será mais difícil que o primeiro, será de pressão constante”, antecipa Radmann.

A pesquisadora destaca que a reeleição consolidou um cenário atípico, de quebra da naturalidade do jogo político. “É como se houvesse um novo jogo, no qual os jogadores se reposicionam e têm muitas dúvidas. Porque o governo já começa com algumas sinalizações. Por exemplo: o governador está namorando o Palácio do Planalto e, em paralelo, tem uma lista de pautas caras à sociedade e difíceis de resolver a curto prazo.”

Este contexto caracteriza uma espécie de ‘limbo’, de dúvida, onde todos observam e se movimentam mais lentamente. “Há um percentual de forças políticas que acha mais interessante ficar do lado do Eduardo, mas têm um pé do outro lado, porque logo ocorrerá um processo sucessório no qual o ciclo dele já terá acabado aqui.” Segundo a diretora do IPO, não existe uma oposição organizada que absorva este grupo em dúvida, posicionado no chamado centro político. “Há o bloco de esquerda, mas os parlamentares que estão no ‘limbo’ não são de esquerda. E há o bloco derrotado no segundo turno da eleição estadual, de direita, que não tem voz ativa para comandá-los.”

A configuração cria uma lacuna de fragilidade na oposição que favorece o governador. Mas, ao mesmo tempo, embute uma quantidade maior de forças políticas para administrar, e parte dessas forças se constitui como aliada a partir de negociações pontuais, que precisam ser renovadas constantemente. A combinação trava movimentos mais acelerados. “Os próprios cargos do secretariado, muitos são base política por conta das necessidades de alocação de nomes derrotados na eleição. O Eduardo voltou a pilotar o Estado, mas ainda em ritmo de trem, não de avião”, conclui Radmann. 

Avaliações do líder e da oposição

“Temos uma continuidade medíocre e desastrosa. Eduardo Leite aprofunda a crise da escola pública ao recusar um reajuste maior ao magistério. A escola pública estadual passa pela maior crise da sua história, responsabilidade do mandatário do Piratini. Ele também segue uma agenda atrasada, de privatizar a água. E é omisso diante da grave crise nos setores de suínos e frangos e no apoio aos agricultores familiares atingidos pela estiagem. Ora busca ser porta-voz das boas iniciativas do presidente Lula para os gaúchos, ora ser ombudsman do governo federal. Mas, nunca, um governador para o RS.” Miguel Rossetto, vice-líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa

 

“Após fazermos o dever de casa nas áreas administrativa, previdenciária e tributária, de levarmos a cabo as reformas estruturantes na primeira administração, alcançando o equilíbrio, agora a marca é a evolução. O governo Eduardo Leite faz entregas, abre concurso, chama pessoas para o quadro, cumpre a lei. O estilo de agir de forma programada e com diálogo segue com êxito. Já alcançamos resultados, como mostra a recente vitória na aprovação do reajuste do magistério. É fácil ser simpático, propondo ações sem dizer como viabilizá-las. Mas simpatia sem responsabilidade não é nossa característica.” Frederico Antunes, deputado do PP, líder do governo na Assembleia Legislativa


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