Governo do Rio Grande do Sul diz que reajuste dos servidores ameaça equilíbrio fiscal

Governo do Rio Grande do Sul diz que reajuste dos servidores ameaça equilíbrio fiscal

Executivo tenta conter pressão de categorias para elevar o índice e cita salários atrasados e perda da capacidade de investimentos

Mauren Xavier

Detalhamento foi feito pelo governador Ranolfo aos deputados da base

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Salários atrasados, perda da capacidade de investimentos públicos e impostos elevados. Esse combo integra a base da argumentação do governo do Estado para defender o projeto de reajuste geral dos servidores do Rio Grande do Sul. A proposta enviada na semana passada à Assembleia Legislativa prevê correção de 6%, sendo que 1% será retroativo a janeiro e o resto a partir de abril. A argumentação é que com um reajuste maior, as despesas de pessoal vão voltar a crescer acima da inflação, fazendo com que o Estado perca o equilíbrio fiscal. Esse foi o argumento apresentado pelo governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) aos deputados da base, em reunião essa semana.

A mobilização busca conter a crescente pressão de categorias e até de alguns poderes para que o índice seja maior. O reajuste incide sobre as remunerações e os subsídios dos servidores públicos, civis e militares, de todos os poderes e órgãos autônomos, além da inatividade e pensões. Como tramita em regime de urgência, o projeto deve ser votado até o início de maio na Assembleia. Nesta quinta-feira, a Comissão de Finanças aprovou pedido da deputada Juliana Brizola (PDT) para a realização de uma audiência pública sobre a proposta.

Outros riscos fiscais também foram apresentados e envolvem a redução das alíquotas de ICMS, que vão cair em 2024, e a instabilidade do imposto sobre combustíveis. A projeção de elevação do impacto com o pagamento de precatórios e a retomada do pagamento da dívida com a União, que está em negociação, também estão no rol de justificativas para que o índice fique em 6%. 

Diferenças entre as categorias 

Com o maior número de vínculos, os servidores do Magistério e da Segurança representam 65% do impacto bruto do reajuste geral. As duas categorias vão ficar com mais de R$ 780 milhões do impacto total estimado de R$ 1,2 bilhão para este ano. Para o próximo ano, o impacto estimado é de R$ 1,5 bilhão. O detalhamento por poderes evidencia ainda a relação inversamente proporcional do número de vínculos e o impacto financeiro. Por exemplo, somados os ativos e inativos dos demais poderes (Tribunal de Justiça, Assembleia Legislativa, Ministério Público, Tribunal de Contas e Defensoria Pública), os vínculos chegam a quase 20 mil. Ao mesmo tempo, o impacto é de R$ 135 milhões neste ano. Assim, atinge média de R$ 6,75 mil. Enquanto isso, no caso do Magistério, são 163,7 mil vínculos com impacto de R$ 344 milhões, com uma média de R$ 2,1 mil.

Veja na íntegra o impacto previsto 

  • Magistério (ativos e inativos): R$ 344 milhões em 2022. Após, será de R$ 429 milhões anuais. São 163,7 mil vínculos. 
  • Segurança (ativos e inativos): R$ 437 milhões em 2022. Após, será de R$ 544 milhões. São 64,1 mil vínculos. 
  • Executivo (demais ativos e inativos): R$ 141 milhões em 2022. Após, será de R$ 177 milhões. São 58 mil vínculos. 
  • Executivo (previdência): R$ 138 milhões em 2022. Após, 170 milhões. São estimados 42,2 mil vínculos. 
  • Autarquias: R$ 21 milhões em 2022. Após, será de R$ 27 milhões. São 6,4 mil vínculos. 
  • Demais Poderes (ativos e inativos): R$ 135 milhões em 2022. Após, 169 milhões. São 19,7 mil vínculos. 
  • Demais Poderes (previdência): R$ 13 milhões em 2022. Após, R$ 16 milhões. São 2 mil vínculos. 

*Projeção do governo do RS


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