Governo federal teve superávit de R$ 239 mi em março

Governo federal teve superávit de R$ 239 mi em março

Apesar de positivo, número é o pior da série histórica iniciada em 2002

AE

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Mesmo com a adoção de medidas de ajuste fiscal pelo governo Dilma Rousseff desde o início do ano, as contas públicas tiveram um desempenho abaixo do esperado em março, registrando uma série de recordes negativos. No mês, o setor público teve um superávit de R$ 239 milhões.

Apesar de positivo, o número apresentado nesta quinta-feira, 30, pelo Banco Central (BC) é o pior da série histórica, iniciada em 2002. No primeiro trimestre essa economia para pagar os juros da dívida ficaram em R$ 19 bilhões, o pior resultado dos últimos seis anos.

Os dados fazem parte do relatório do Banco Central com os resultados fiscais que reúnem as contas do Tesouro Nacional, Banco Central, INSS, governos estaduais, municípios e empresas estatais. O resultado de março trouxe o maior déficit nominal - que não inclui o pagamento de juros - para todos os meses da série, iniciada em dezembro de 2001, com saldo negativo de R$ 69,2 bilhões. O resultado primário dos governos estaduais, deficitário em R$ 1,6 bilhão, foi o pior da série para meses de março.

O fraco desempenho foi puxado por perdas recordes em março com intervenções do Banco Central no mercado de dólar, por meio de operações chamadas de swap - mecanismo de proteção para o mercado que, na prática, significa uma maior oferta de dólares pelo BC. No mês passado, os prejuízos somaram R$ 34,5 bilhões. Esse desempenho teve um forte impacto nas contas públicas e levou a um gasto também recorde com juros, de R$ 69,4 bilhões.

De acordo com o chefe do departamento econômico do Banco Central, Túlio Maciel, a perda com swap explica o aumento de gasto com juros em março. Segundo ele, até o dia 24 de abril, havia sido registrado um ganho de R$ 28,2 bilhões com as operações, o que trará alívio para as contas. "Esse movimento de abril deve quase neutralizar as perdas de março", disse.

Na avaliação do economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho, o dado de março foi afetado pela atividade econômica ruim e, principalmente, pelo reconhecimento das chamadas "pedaladas fiscais", com o pagamento de despesas de 2014 que não tinham sido liquidadas. Ele destaca que a atividade econômica mais fraca afetou diretamente o faturamento das empresas, fazendo cair a arrecadação do governo por meio do Imposto de Renda (IR) Pessoa Jurídica e da Contribuição Social Sobre Lucro Líquido (CSSL).

Soma-se a isso, acrescentou, os efeitos da deterioração do mercado de trabalho, que provocou a queda das receitas previdenciárias. "Esse resultado de março reforça necessidade de aprovar medidas que estão tramitando no Congresso Nacional", afirmou.

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