"O que o governo tem não é uma estratégia. Ele simplesmente está querendo ganhar tempo, já que não conseguiu promover o debate até agora." Segundo Leite, a posição do Executivo, de insistir no plebiscito para este ano é "equivocada" porque o tema envolve muito mais do que a operacionalização da consulta. "É toda a organização do debate e isso não houve. O tempo se perdeu."
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O pré-candidato do PSDB projeta que o tema vai se colocar na campanha e os concorrentes serão obrigados a expor sua posição. Mas considera que realizar o plebiscito em conjunto com eleições que apontarão o próximo governador, o presidente da República, senadores, deputados federais e estaduais sem ter planejado a consulta com bastante antecedência pode confundir a população e gerar o que ele define como "uma decisão errada para qualquer lado."
Antes de Leite, ainda na quarta-feira, o pré-candidato do PP ao governo, deputado federal Luis Carlos Heinze, também se mostrou contrário à realização de plebiscito sobre a venda das estatais juntamente com as eleições deste ano, classificando a nova tentativa do Executivo como "jogada eleitoral" e lembrando que a legislação prevê que consultas sobre matérias relevantes ocorram em anos ímpares.
Ex-integrantes da base aliada do governo de José Ivo Sartori, o PP e o PSDB possuem dois dos sete assentos na Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, para a qual o Executivo anunciou o envio de uma solicitação que dê origem a um projeto de decreto legislativo a ser formatado e aprovado pela Mesa. Outras duas cadeiras são ocupadas pela oposição: PT e PCdoB. O presidente da Mesa, deputado Marlon Santos, integra o PDT, atualmente independente. Marlon avisou na quarta que dará prosseguimento à solicitação do governo, mas que seu voto é contrário. O PMDB, partido do governador, tem uma vaga no colegiado. E outra é ocupada pelo PTB.
Flavia Bemfica