Governo tenta "dividir a derrota" com governadores, diz Cunha sobre CPMF

Governo tenta "dividir a derrota" com governadores, diz Cunha sobre CPMF

Presidente da Câmara se reuniu com oito governadores de Estados comandados por partidos da base aliada

AE

Presidente da Câmara se reuniu com oito governadores de Estados comandados por partidos da base aliada

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Crítico do retorno da CPMF proposto pela presidente Dilma Rousseff, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta quarta-feira, que o governo tenta "dividir a derrota" com governadores ao apelar para que pressionem o Congresso a aprovar o chamado "imposto do cheque". O parlamentar disse que, apesar de contrário ao tributo, não atrapalhará sua tramitação, mas acredita que o governo "não vai conseguir resolver o problema em 2016".

Cunha esteve reunido com oito governadores de Estados comandados por partidos da base aliada, que antes se reuniram com o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Eles apelaram ao presidente da Casa para que apoiasse a volta da CPFM para aliviar a situação crítica de suas contas. Propuseram inclusive que a alíquota do imposto aumentasse do 0,20% anunciado pelo governo para 0,38%. O 0,18 ponto porcentual extra seria dividido em 0,09 pp para Estados e 0,09 pp para municípios, respeitado o fundo de participação de cada um. O peemedebista foi contra.

"O governo está tentando dividir a derrota com os governadores, jogando os governadores aqui para fazer o papel que não consegue fazer porque não tem uma base articulada", afirmou Cunha.

O presidente da Câmara disse que o efeito prático da visita dos governadores é "nenhum". "Ao mesmo tempo em que joga os governadores para poder tentar passar o sofrimento deles, que todos nós nos sensibilizamos com o sofrimento e com os problemas que estão acontecendo, mas o efeito prático é nenhum, porque isso não vai mudar a votação por essa motivação", afirmou. "O governo, de uma certa forma, joga a responsabilidade: 'Se o Congresso não aprovar, eu tentei'. Não é isso, não. O governo tem que resolver o problema do seu déficit independente do Congresso, apenas com a sua parte da 'discricionaridade' do seu Orçamento. Ele pode buscar aumento de arrecadação no Congresso e propor, mas não somos nós que temos a obrigação de resolver o déficit do governo. O governo tem que resolver o seu déficit", disse Cunha.

O presidente da Câmara disse que, mesmo que tenha apoio, a tramitação da CPMF será longa. "Com muito boa vontade, vai entrar em julho de 2016, se passar", afirmou. "Além de serem lentas, longas, tem noventena. Então, não é uma coisa fácil. Não vai conseguir resolver o problema deles em 2016".

Cunha voltou a dizer que o governo não faz sua parte do "sacrifício" e que terceiriza a solução do problema. "A gente tem que ver que o governo não está fazendo o seu sacrifício", afirmou.

Repatriação

Como alternativa, Cunha sugeriu aos governadores que os recursos oriundos da repatriação sejam destinados a Estados e municípios. "Eles acharam ótimo, mas isso é só um ano", ponderou.

Emendas

Eduardo Cunha fez coro com outros deputados que têm criticado a proposta do governo de direcionar as emendas impositivas dos parlamentares à saúde e a obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

"Além de não ser exequível, não é legal. Você tem o Orçamento Impositivo que a obrigatoriedade é metade da saúde. O governo quer que essa metade da saúde se coloque nos programas dele de alta complexidade e não nos trabalhos de saúde feitos em cada município. E botar em PAC? Tem município de deputado aqui que não existe PAC. Na prática, o governo está querendo transferir aquilo que não consegue cortar dele para usar um terceiro para pagar por ele", afirmou.

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