Grupo de gaúchos protesta contra presença de Pizzolato no voo de volta ao Brasil

Grupo de gaúchos protesta contra presença de Pizzolato no voo de volta ao Brasil

Turistas programaram ma salva de palmas e uma vaia ao ex-diretor do BB

AE

Pizzolato foi condenado no processo do mensalão

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* Com informações da Agência Brasil 

Após deixar a prisão de Modena, no Norte da Itália, para ser entregue às autoridades brasileiras, o ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensalão, embarca nesta noite em um voo de carreira da TAM de volta para o Brasil. A presença confirmada provoca discussões acaloradas entre os passageiros. Uma comitiva de 40 gaúchos que está retornando das férias disse que sabia que o brasileiro embarcaria e que programou uma salva de palmas e uma vaia ao brasileiro. Para Jaqueline Meneghetti, 52, assistente social, integrante da comitiva, "ele deve ser levado para a prisão para pagar pelos crimes que cometeu. Essa prisão representa o que deve acontecer com quem rouba", diz.

Um dos passageiros da comitiva, um senhor de cabelos brancos, que vestia uma camisa vermelha, começou a insultar com palavras ofensivas tanto Pizzolato quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora, Dilma Rousseff. Dizia que a culpa da desgraça econômica do Rio Grande do Sul é deles.

Ao ser questionado que o atual governo estadual não é do PT, ele desconversou e disse que o governador José Ivo Sartori (PMDB) assumiu um estado quebrado e que é "bonzinho".

Por questões de segurança, Pizzolato foi colocado no fundo do avião com os agentes e a enfermeira. Segundo a TAM, os 183 lugares da classe econômica estão ocupados, estando livres somente algumas cadeiras da classe executiva.

Pizzolato, mensalão e fuga

Condenado a 12 anos e sete meses de prisão na Ação Penal 470, o processo do mensalão, Pizzolato deve chegar no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na manhã de sexta-feira. Em seguida, ele deve viajar novamente, escoltado pela Polícia Federal, para Brasília. Após passar por exames no Instituto Médico-Legal, ele será transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal.

Com isso, encerra-se uma novela de mais de um ano e meio, iniciada em fevereiro de 2014, quando Pizzolato foi capturado pela polícia italiana em Maranello, onde estava na casa de parentes. No fim de 2013, o Supremo Tribunal Federal (STF) havia confirmado sua pena no processo do mensalão por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Em seguida, ele fugiu para a Itália com um passaporte falso em nome de um irmão morto e chegou a alugar uma vila com vista para o mar na pitoresca cidade de Porto Venere, no litoral da Ligúria.

Em outubro de 2014, Pizzolato chegou a ser solto pela Corte de Apelação de Bolonha, que negou sua extradição.

No entanto, mais tarde, a Corte de Cassação de Roma e o Ministério da Justiça da Itália confirmaram a expulsão do ex-diretor de Marketing. Seguiu-se uma série de recursos administrativos e na Corte Europeia de Direitos Humanos, sediada em Estrasburgo (França), mas todos foram rechaçados.

A defesa alegava que as prisões brasileiras não tinham condições de garantir a integridade do condenado, apelo feito também pelos senadores italianos Luigi Manconi e Cecilia Guerra, porém, sem sucesso.

Em dezembro, Pizzolato ainda deverá responder a um processo por falsidade ideológica na Itália, fato que também era usado como argumento para mantê-lo no país. Pizzolato foi o único dos condenados no mensalão que fugiu do Brasil. Também sentenciado a pagar multa de mais de R$ 1 milhão, ele desviou quase R$ 3 milhões do Banco do Brasil para as empresas de Marcos Valério, operador do esquema do mensalão.

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