Imprensa internacional dá destaque a processo no Brasil

Imprensa internacional dá destaque a processo no Brasil

Na análise da maioria, a crise econômica foi o motivo real para o impeachment

AE

Na análise da maioria, a crise econômica foi o motivo real para o impeachment

publicidade

A votação sobre a continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff teve ampla repercussão na imprensa internacional. As versões online do argentino Clarín, do espanhol El País e do português Jornal de Notícias transmitiram ao vivo a votação na Câmara dos Deputados. Já o americano Washington Post e o inglês Guardian colocaram em destaque suas reportagens sobre a votação nas primeiras páginas de seus sites. Na análise
da maioria, a crise econômica foi o motivo real para o processo de impeachment.

O Clarín, que transmitiu ao vivo a votação, publicou também um texto analítico sobre a situação no País. Segundo o jornal argentino, as chamadas "pedaladas fiscais" são apenas uma justificativa técnica para o impeachment da presidente. "Se a presidente cair, não será por corrupção, e sim por sua incapacidade de governo e por supostamente ter arruinado a economia do Brasil." Para o Clarín, os discursos dos líderes dos partidos, antes do início da votação, corroboram essa tese. "Apenas Antonio Imbassahy (PSDB-BA) mencionou as 'pedaladas' como delito cometido pela presidente."

No site do Jornal de Notícias, o processo foi manchete durante todo o período de votação, também transmitida ao vivo. Com o título de "'Tchau, querida' e 'Não vai ter golpe' a votos", a reportagem do jornal português abordava as manifestações populares que se espalharam no Brasil ontem.

No El País, não houve transmissão com imagens da sessão de votação, e sim um minuto a minuto com comentários. À medida em que a vantagem dos votos pró-impeachment ia sendo ampliada, o jornal mostrava fotos e vídeos com as manifestações da população. O grupo que foi às ruas a favor do impeachment ganhou mais espaço. O jornal espanhol fez também uma reportagem sobre Dilma, ressaltando suas afirmações de que não renunciaria nem deixaria o governo antes da hora. Foram abordados também o passado da presidente, sua luta contra a ditadura militar e a crise econômica pela qual passa o Brasil. "Ela (Dilma) admite poucos erros e culpa, principalmente, a crise econômica mundial pelo colapso", escreveu a reportagem do jornal espanhol.

Análises

No site do Guardian, a crise política brasileira ocupou destaque na primeira página durante toda a tarde e a noite deste domingo. Para o jornal inglês, Dilma era, antes, "uma das líderes mais populares do mundo". Porém, a crise econômica e os escândalos de corrupção correram a popularidade da líder petista - atualmente, a presidente tem apoio de apenas 10% da população brasileira. O jornal, que foi atualizando, na mesma reportagem, o placar da votação, ressaltou que, na Câmara dos Deputados, pelo menos um terço dos parlamentares estão sendo investigados por corrupção. "Um dos principais nomes sob investigação é o próprio presidente da Casa, Eduardo Cunha."

Análise mais extensa do cenário brasileiro foi feita pelo Washington Post. A publicação americana detalhou a crise
no País. "A presidente não é acusada exatamente de corrupção, mas sim de fazer algumas manobras fiscais usando bancos do governo". Além disso, o jornal considera o cenário atual como o pior colapso econômico do Brasil desde a década de 1930. "O processo de impeachment é o responsável por uma crise política que levou a uma reviravolta na economia brasileira, que parecia ir tão bem apenas dois anos atrás."

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895