Infraestrutura diz que já enviou ao TCU isenção de pedágio para motos

Infraestrutura diz que já enviou ao TCU isenção de pedágio para motos

Possível benefício deve provocar impacto médio de 0,5% nas tarifas pagas pelos demais usuários

AE

Em Gravataí, valor é de R$ 4,40, em ambos os sentidos

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O governo Bolsonaro já enviou para análise do Tribunal de Contas da União (TCU) os cálculos e estudos para isentar o pedágio de motociclistas nas próximas concessões de rodovias. A benesse vai provocar um impacto médio de 0,5% nas tarifas pagas pelos demais usuários, afirmou o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, em evento de balanço das ações da pasta no primeiro semestre.

Projeto político do presidente Jair Bolsonaro, o benefício aos motociclistas vai passar a valer nas rodovias cujas operações serão transferidas à iniciativa privada pela primeira vez, ou em novas concessões, como é o caso da Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, conforme revelou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

A rodovia, hoje administrada pelo Grupo CCR, é a estrela do programa de concessões de rodovias federais. A relicitação do trecho envolve 625,8 quilômetros, com investimento previsto de mais de R$ 14,5 bilhões.

Tarcísio citou ainda os casos da BR 381/262, entre Minas Gerais e Espírito Santo, a BR 116/493, do Rio a Minas Gerais, além do projeto de concessões de rodovias no Paraná, que ainda será enviado para análise do TCU. Os trechos afetados também foram adiantados pelo Broadcast.

Retrocesso

A isenção a motocicletas reflete na tarifa de outros usuários, como de carros e caminhões, porque a empresa privada que assume a operação da rodovia precisa receber um volume exato de recursos via pedágio para manter o trecho e fazer novos investimentos. Ou seja, o benefício defendido pelo presidente pesa no bolso do contribuinte, e não no caixa do governo. Esse tratamento desigual entre os usuários nas estradas já foi classificado como "retrocesso" pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR).

A ideia já vinha sendo alardeada por Bolsonaro desde julho do ano passado. À época, no entanto, o anúncio do presidente foi tratado internamente, pela área técnica, como uma promessa vazia. Agora, mais perto do pleito de 2022, a conversa mudou.

Nesta sexta, Tarcísio classificou o reflexo tarifário na conta dos outros usuários como baixo. "O tráfego é extremamente pequeno. Temos 26 milhões de motos, e menos de 1 milhão passam em rodovias concessionadas todo ano", afirmou o ministro.

O setor privado reclama da diferenciação porque, apesar de o fluxo de motos não ser expressivo, o motociclista demanda muito atendimento médico e mecânico que é prestado nas rodovias pelas concessionárias, pelo índice de envolvimento em acidentes. Ou seja, produz um custo para as operadoras de rodovias. Segundo a ABCR, dos acidentes registrados nas rodovias concedidas a associados da entidade, uma média de 20% são com motos.


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