J&F tentou "comprar" tribunais, diz revista

J&F tentou "comprar" tribunais, diz revista

Troca de mensagens mostram um suposto tráfico de influência e pagamentos a três ministros do STJ

AE

Troca de mensagens mostram um suposto tráfico de influência e pagamentos a três ministros do STJ

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O ministro da Justiça, Torquato Jardim, determinou nesta sexta-feira a abertura de investigação sobre uma suposta tentativa de advogados ligados a J&F de influenciar decisões do Poder Judiciário. De acordo com a revista "Veja", troca de mensagens envolvendo a advogada Renata Gerusa Prado Araújo e o diretor jurídico da J&F, Francisco Carlos de Assis, mostram um suposto tráfico de influência e pagamentos a três ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A publicação também cita o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que cobrou a apuração da denúncia. O jornal O Estado de S. Paulo confirmou a existência da troca de mensagens, mas segundo fontes há a possibilidade de que parte dos diálogos tenham sido editados. De acordo com pessoas próximas às investigações, as conversas devem virar um novo anexo da delação de executivos da empresa para explicar o que ocorreu.

O empresário Pedro Bettim Jacobi, ex-marido de Renata Araújo, entregou à PGR dezenas de conversas (áudios, e-mails e mensagens de WhatsApp) entre Renata e Francisco de Assis e Silva. Nelas, os dois traçam estratégias para obter decisões favoráveis a empresas do grupo por meio de pagamentos em espécie ou tráfico de influência - uma vez que a mãe de Renata, Maria do Carmo Cardoso, é desembargadora do Tribunal Regional Federal (TRF) e estava com a relatoria de um processo.

Ainda de acordo com a revista, a denúncia envolve pelo menos três ministros do Superior Tribunal de Justiça: Napoleão Maia, Mauro Campbell e João Otávio Noronha.

Jacobi afirma ainda que Renata foi acionada para "aparar arestas" com o Judiciário. Segundo ele, Dalide Barbosa Alves Corrêa, ex-braço direito do ministro Gilmar Mendes, fez reunião com a mãe de Renata se dizendo preocupada porque Francisco "tinha registro de uma conversa com ela que poderia ter algo muito comprometedor tanto para ela quanto para Gilmar Mendes".

Reações

O ministro Gilmar Mendes afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não conhece a advogada e que pediu a investigação para provar que não tem qualquer relação. Em nota, o ministro Napoleão Maia repudiou "com veemência as declarações". Já o ministro Mauro Campbell se manifestou também por meio de nota afirmando que as informações são "caluniosas" e que pediu a PGR instauração de investigação.

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