Jean Wyllys afirma que cuspe em Bolsonaro foi "reação a ofensas"

Jean Wyllys afirma que cuspe em Bolsonaro foi "reação a ofensas"

Mesa da Câmara dos Deputados sugere suspensão do parlamentar por até seis meses

Correio do Povo

Mesa da Câmara dos Deputados sugere suspensão do parlamentar por até seis meses

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O deputado Jean Wyllys (PSol-RJ) depôs nesta terça-feira no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, no processo em que a Mesa Diretora da Câmara o acusa de quebra do decoro parlamentar por ter cuspido em Jair Bolsonaro (PSC-RJ) durante a sessão que votou o impeachment de Dilma Rousseff. Na representação, a Mesa sugere a suspensão do exercício do mandato de Wyllys por até seis meses.

Segundo o parlamentar do PSol, o cuspe foi uma reação a insultos. Ele lembrou o contexto de tensão e polarização política durante o impeachment e afirmou que, desde seu primeiro mandato, é vítima de "violência homofóbica" por parte de Bolsonaro. Wyllys ressaltou que, em 17 de abril, manifestou seu voto logo após o pronunciamento de Bolsonaro, que fez uma homenagem ao “torturador” Carlos Alberto Brilhante Ustra. “Quando fui votar, ouvi vaias e pessoas dizendo: 'viado’ e ‘sai daí, viado’”, contou. Depois de votar, Wyllys disse ter ouvido mais manifestações homofóbicas por parte de Bolsonaro. “Tolerei insultos por seis anos, mas, naquela hora, cuspi na cara daquele fascista porque foi um sentimento mais forte do que eu. Minha cuspida foi uma reação e não uma ação”, declarou.

Wyllys também acusou Bolsonaro de fraude em um vídeo que supostamente mostraria premeditação no episódio do cuspe. Já inocentado em outras duas representações no Conselho de Ética, ambas movidas pelo PSC, Jean Wyllys afirmou ser alvo de difamação feita de maneira orquestrada. "Nunca roubei dinheiro público ou participei de esquema de corrupção, nunca menti no Parlamento. As pessoas podem até divergir da minha agenda política, mas eu não feri a conduta ética em nenhum momento”, sustentou.

Testemunha de defesa de Jean Wyllys, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) classificou de “injusta” qualquer eventual punição ao deputado do Psol. A parlamentar ressaltou nesta terça-feira já ter presenciado atos de “desrespeito e chacota”, além de “palavras inadequadas” dirigidas por Bolsonaro contra Wyllys. Para Maria do Rosário, o cuspe foi uma “reação momentânea, limite”. Em depoimento ao Conselho de Ética no início de novembro, Jair Bolsonaro negou agressões verbais a Jean Wyllys e se disse vítima de "perseguição política".

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