Joias passaram por Exército, Marinha e Aeronáutica em cerco sobre entorno de Bolsonaro

Joias passaram por Exército, Marinha e Aeronáutica em cerco sobre entorno de Bolsonaro

Três instituições, em diferentes escalas, foram citadas no caso da tentativa de reaver bens confiscados pela Receita

AE

Ex-ministro Bento Albuquerque foi um dos implicados em questões das viagens

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Com o fechamento do cerco em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados dele, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica acabaram tragados para a crise. Em diferentes escalas, as três instituições foram de alguma maneira citadas tanto no caso da tentativa de reaver joias confiscadas pela Receita Federal quanto no da venda de presentes valiosos recebidos por Bolsonaro na condição de chefe de Estado.

A operação Lucas 12:2, da Polícia Federal, aponta participação direta de homens do Exército em um "esquema internacional" de venda de presentes recebidos em viagens presidenciais. O general Mauro Cesar Lourena Cid, o filho dele, tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, e o primeiro-tenente Osmar Crivelatti aparecem com destaque na operacionalização das vendas dos itens. A investigação contra Lourena Cid representa a primeira a alcançar um ex-integrante do Alto Comando do Exército. Ele esteve na cúpula da Força até 2019 e era um dos mais prestigiados nomes do meio militar nas últimas décadas.

A operação da PF tem origem em outro caso de suposto desvio de joias. Em março, o Estadão revelou que o ex-presidente ganhou do governo da Arábia Saudita um conjunto de joias. O entorno bolsonarista tentou entrar com o presente no País sem declarar à Receita. Um dos principais personagens do episódio foi o almirante da Marinha Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia no governo passado. O pacote de joias estava em posse de um assessor dele quando foi retido no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ao saber que a fiscalização apreendeu o item, o ministro retornou à área da alfândega e tentou liberar os diamantes.

Outro membro da Marinha esteve envolvido no caso, o primeiro-sargento Jairo Moreira da Silva, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Dias antes do fim do mandato do ex-presidente, o militar foi enviado a Guarulhos para tentar retirar as joias que ficaram retidas na Receita. O documento que determinava a viagem é um dos indícios contra Bolsonaro nessa investigação.

A saída do então presidente do Brasil também se deu pelas asas da Aeronáutica. A bordo do avião presidencial, ao deixar o País, em dezembro de 2022, Bolsonaro levava presentes que seu grupo tentaria vender nos Estados Unidos."Após serem apropriados pelo ex-presidente da República, formalmente ou não, os bens foram levados, de forma oculta, para os Estados Unidos da América, na data de 30 de dezembro de 2022, por meio de avião presidencial e encaminhados para lojas especializadas nos estados da Flórida, Nova Iorque e Pensilvânia, para serem avaliados e submetidos à alienação, por meio de leilões e/ou venda direta", diz relatório da PF.


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