Jucá diz que pedido de impeachment contra Michel Temer "não tem nenhum cabimento"
Senador disse que substituição de Geddel Vieira Lima será decidida no momento apropriado
publicidade
O senador comentou ainda a retomada das manifestações de rua e disse que elas "são legítimas". "Elas podem ocorrer, em ocorrendo o governo deve levar em conta. É importante aprender e ouvir as manifestações, mas também será levada em conta (...) uma manifestação político-partidária, que é natural da democracia, mas não deve atrapalhar a maioria", apontou.
Votação da PEC do teto maior que do impeachment
O senador confirmou que após reunião com o Temer, que "está tudo pronto para votação da PEC do teto". "Nós cumprimos o acordo com a oposição, o cronograma de debates e amanhã esperamos votar no primeiro turno uma PEC que é fundamental para dar o primeiro passo, e o primeiro exemplo efetivo do governo na questão do ajuste fiscal", afirmou. "Esperamos uma votação maior do que a do impeachment. Minha conta é entre 62 e 65 votos", disse, em referência ao placar que afastou Dilma Rousseff no Senado em agosto - com 61 votos.
Jucá disse que a expectativa é que o segundo turno da PEC aconteça no dia 13 de dezembro e a promulgação no dia 15 de dezembro, encerrando os trabalhos legislativos. "Temos um grande cronograma de votações que vamos realizar até o dia 15." Segundo o senador, o governo poderia ter optado por discursos "dos governos anteriores" como, por exemplo, a recriação da CPMF. "Nós preferimos deixar de criar impostos e cortar gastos", disse.
Saída de Geddel
Questionado sobre o impacto da saída do ministro Geddel Vieira Lima da Secretaria de governo na votação de amanhã, Jucá afirmou que "o Senado não tinha por que se abalar com essa questão", e minimizou a eventual pressão dos partidos oposicionistas. "A oposição está dizendo que o clima está frio ou quente. Se estiver quente a gente bota um ar-condicionado, se frio a gente põe aquecedor. O clima está pronto".
Jucá informou que a substituição de Geddel Vieira Lima será decidida "no momento apropriado". "Por enquanto, há uma equipe na Secretaria de Governo preparada que vai continuar tocando o trabalho. No momento apropriado, o presidente fará a mudança", afirmou. Ele disse ainda que o cargo não é do PMDB. "Não é vaga de ninguém, qualquer cargo de ministro é do presidente da República". O senador disse que é preciso ter calma e tranquilidade e que "o governo vai continuar funcionando, operando, independente de ter um ministro na Secretaria".
Questionado se defende que a Secretaria seja extinta e que o presidente Michel Temer assuma um papel de articulador, Jucá disse que o presidente "por ser um político experiente é um homem que toma decisões políticas num governo que ele comanda". "Ele não será apenas um coordenador político", afirmou.
Calero
O senador, que também é presidente nacional do PMDB, disse ainda que não sabia que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero - que foi o pivô do episódio que culminou com a saída de Geddel - era filiado ao partido. "Não sei se ele é filiado ao PMDB, soube que ele tinha disputado eleição pelo PSDB", afirmou.
Diante da afirmação de que o ex-ministro era sim do partido e dos questionamentos de uma eventual punição a Calero, Jucá afirmou que é preciso aguardar os desdobramentos. "Não temos porque tomar nenhuma posição a respeito da função dele por conta da questão partidária. Não é questão partidária que está em jogo", disse.
Jucá disse ainda que a gravidade do ministro Calero ter gravado um Presidente da República existe independentemente do meio que foi utilizado, mas também ponderou que é preciso aguardar o desenrolar dos fatos para ver se o ex-ministro pode ser punido, já que é um diplomata. O ex-ministro disse que ele e o presidente tiveram três conversas sobre o embargo à obra do empreendimento imobiliário La Vue, em Salvador - projeto em construção onde Geddel é dono de um apartamento.
Sobre a solicitação da Procuradoria-Geral da República à Polícia Federal para ter acesso as gravações, Jucá disse que isso é "extremamente positivo". "O presidente Michel Temer ontem disse que é importante que a conversa que ele teve, ele gostaria que ficasse tudo claro. Se existe a gravação e fosse possível torná-la pública também seria importante, então não há nenhum tipo de apreensão", completou.
Previdência
Jucá disse ainda que a data de envio da Reforma da Previdência não está definida e que o presidente Michel Temer ainda conversará com as centrais sindicais. "Defendemos que possa ser enviada entre os dois turnos (da PEC)", disse, ressaltando que é importante "apressar o passo" para a reforma seguir para o Congresso.