Jungmann pretende instalar em agosto Conselho Nacional de Segurança Pública

Jungmann pretende instalar em agosto Conselho Nacional de Segurança Pública

Projeto faz parte da lei que criou, em fevereiro deste ano, o Ministério da Segurança

AE

Ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann

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O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta quarta-feira que pretende instalar ainda neste mês o Conselho Nacional de Segurança Pública, que faz parte da lei que criou a pasta, sancionada no mês passado. Durante encontro na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), no período da manhã, o ministro garantiu que a entidade terá lugar no conselho. Jungmann disse que "a questão da segurança no campo sempre foi um vazio na nossa história" e que a evolução do crime no campo é "preocupante".

"Os já insustentáveis índices de violência urbana começam a se espalhar também no campo, mas não temos estatísticas sobre criminalidade no campo e, não tendo estatísticas, não temos ferramentas e instrumentos para poder enfrentar o crime. Temos de ter diagnóstico para definirmos áreas prioritárias e onde investir", declarou.

Nesta quarta-feira, o ministro e o presidente da CNA, João Martins, assinaram protocolo de intenções para realizar estudos sobre a criminalidade no campo. O grupo de trabalho bilateral terá dois anos para debater e propor soluções conjuntas. Em coletiva de imprensa, Jungmann admitiu que o governo Michel Temer não conseguirá garantir a continuidade das medidas, mas que deixará um legado para a próxima gestão e para a própria CNA.

Além disso, Jungmann disse que a criação do Sistema Único da Segurança Pública (Susp) permitirá que as polícias militares e civis atuem para identificar os locais dos crimes no campo e que a Polícia Rodoviária Federal também pode deslocar parte do efetivo para auxiliar em regiões mais críticas. O ministro afirmou ainda que será possível trabalhar com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e o Banco Central pra saber "de onde vem e para onde vai o dinheiro das facções criminosas e quadrilhas que estão levando insegurança para o campo".

Na fala aos integrantes da CNA, Jungmann fez longa explanação sobre a importância do Ministério da Segurança Pública para o País. "Nossas constituições nunca deram ao governo central atribuições (sobre segurança pública). Disso resulta que o presidente da República não tem atribuições de segurança pública e que 85% de todos os recursos aplicados para a área são dos Estados, enquanto o governo federal só tem responsabilidade de 8 a 9% (dos recursos), por causa da Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal. Resulta daí que temos um federalismo acéfalo. Nunca houve rumo dado à segurança pública no plano nacional", declarou. Ele também reclamou que alguns Estados, como São Paulo e Bahia, não querem fornecer dados sobre criminalidade para o sistema nacional. "Então como produzir qualquer coisa sem dados e informações?", questionou.

Jungmann destacou que a crise da segurança pública no Brasil pode ser expressa pelo dado de que foram autorizados 11 pedidos de Garantia de Lei e da Ordem (GLO's) em 20 meses e pela intervenção no Rio de Janeiro. "Quando o poder local não tem condições de manter a ordem, recorre-se ao presidente da República. E estamos lá no Rio de Janeiro vivendo aquela situação (de intervenção)."

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