Luiza Bairros defende cota para negros em todas pastas
Na semana passada, o Itamaraty anunciou o sistema para o ingresso na carreira diplomática
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"As cotas são sempre um instrumento possível dentro de um leque de ações afirmativas que têm sido adotadas", afirmou, ressaltando que a cota é um instrumento e não uma política afirmativa como um todo. Conforme Luiza Bairros, os ministérios devem apresentar ações emblemáticas para combater as desigualdades.
A adoção do sistema de cotas raciais é polêmica. Neste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) poderá se pronunciar a respeito da reserva de vagas para afrodescendentes em universidades. Responsável por dar a palavra final sobre a constitucionalidade de leis, o STF deverá julgar uma ação na qual o DEM questiona a política de cotas adotada pela Universidade de Brasília (UnB).
A Corte promoveu audiências públicas para discutir ações afirmativas. De acordo com Luiza Bairros, nas discussões no STF era possível perceber que as posições contrárias ao sistema eram minoritárias e não eram embasadas na realidade histórica.
Ao transmitir o cargo para Luiza Bairros, o ex-ministro Eloi Ferreira de Araújo também defendeu que outros ministérios se inspirem no Itamaraty e adotem as cotas. Para ele, a decisão do Ministério das Relações Exteriores de reservar vagas para negros é emblemática. O ex-ministro afirmou que conhece pouquíssimos diplomatas negros, que não chegariam a 10% do quadro do Itamaraty.
Pela política de cotas adotada pelo Itamaraty, haverá reserva de vagas para candidatos afrodescendentes na primeira fase do concurso de admissão à carreira de diplomata, organizado pelo Instituto Rio Branco. Ao divulgar a assinatura da portaria que instituiu essa política no último dia 28, o Itamaraty ressaltou que a novidade faz parte das iniciativas voltadas à promoção da diversidade dos quadros do Ministério das Relações Exteriores.
Estatuto
Eloi Araújo disse que um dos desafios da Secretaria será buscar a regulamentação do Estatuto da Igualdade Racial. Ele informou ter encaminhado à Casa Civil propostas para regulamentação do estatuto. Luiza Bairros disse que ainda não leu as propostas.
A nova ministra afirmou ter grande preocupação com o aumento dos índices de homicídio entre jovens negros. "As taxas de homicídio entre os jovens negros têm crescido de forma assustadora", disse. Segundo ela, a presidente Dilma Rousseff recomendou que o assunto seja tratado com o Ministério da Justiça. Outras prioridades, segundo ela, devem ser educação, saúde e a inclusão de demandas de outros grupos minoritários como índios, ciganos e judeus.