Lula afina estratégia e evita que críticas se repitam
Ao contrário do que aconteceu em setembro, desta vez presidente se deslocou rapidamente ao RS, prestou solidariedade e anunciou ações
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Ficou evidente a correção efetuada pelo presidente Lula na forma de comunicar a estratégia de enfrentamento à tragédia climática que atinge o RS. Ao contrário do que ocorreu em setembro do ano passado, quando o petista sofreu uma série de críticas por não visitar o Estado após as chuvas que dizimaram cidades inteiras no Vale do Taquari, agora o governo federal se mobilizou rápido.
Lula se deslocou ao RS na quinta-feira, acompanhado por vários ministros e técnicos, menos de 24 horas depois de o Estado declarar calamidade. Além das falas de solidariedade à população em diferentes momentos, e de garantias de que o governo federal está 100% disponível para auxiliar os gaúchos, apresentou, junto com os ministros, as primeiras ações.
O presidente anunciou a instalação, ainda na quinta, de uma sala de situação do governo federal no Estado, para atuar em conjunto com o governo estadual, e ter informações diretas sobre a tragédia. “Vai haver um comando do governo federal, aqui nessa Base Militar, em Santa Maria.” O ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, completou que vão permanecer no Estado o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil e o coordenador da Área de Projetos do ministério.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, dividiu a situação das rodovias federais em três grupos, e adiantou os tempos de resolução para cada um deles. Segundo ele, nas estradas com áreas de deslizamentos menos intensos, os trabalhos devem ser concluídos em até 48 horas após o fim das chuvas. Nas rodovias com áreas levadas por bueiros, o fluxo deve ser reestabelecido em um prazo entre sete e 15 dias após as chuvas cessarem. E, nos casos mais graves, quando houve deslizamento de pista, como ocorre na BR 290, em Eldorado do Sul, e na BR 470, entre Veranópolis e Bento Gonçalves, os levantamentos precisarão ser mais amplos, mas as obras definitivas devem estar em andamento dentro de até 30 dias.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reforçou que o governo federal trabalha para ‘colocar de pé’ uma proposta de gestão de risco climático extremo, e aventou a possibilidade de que seja estabelecido um planejamento de excepcionalidade fiscal para municípios suscetíveis aos desastres.
O comandante do Exército, Tomás Paiva, assinalou que foram mobilizadas todas as tropas de Engenharia da Força dos três estados, que está sendo instalado um hospital de campanha na cidade de Lajeado, e que “tudo o que há de telefonia por satélite do Rio de Janeiro para baixo” está sendo direcionado para atender ao RS. Ainda conforme ele, o efetivo completo do RS, Santa Catarina e Paraná, que totaliza 51.500 homens, está mobilizado para deslocamento imediato. E, além das oito aeronaves já anunciadas para atuação no Estado, outras oito podem ser integradas aos trabalhos.
Mensagem clara
Na quarta-feira, o presidente Lula anunciou sua visita ao Estado. Ele não permaneceu por muitas horas, e as péssimas condições climáticas não permitiram sobrevoos de áreas afetadas, mas detalhes da agenda, que se desenvolveu em Santa Maria, não deixaram dúvidas sobre a mensagem que o governo federal quer passar. A de que, como frisou mais de uma vez Lula, a União pretende disponibilizar todos os recursos possíveis para auxiliar no flagelo.
Primeiro Lula foi às redes, na quarta, divulgando vídeo de sua ligação telefônica para o governador Eduardo Leite. Com os áudios de ambos. Depois, na comitiva presidencial, incluiu a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, de forma a apontar que a União tratará a questão como parte do problema da mudança climática, o que exige uma solução bem mais ampla do que as tradicionais doações de itens e distribuição de valores.
Também na comitiva, trouxe comandantes das Forças Armadas, para apontar que, desta vez, aconteceu a mobilização imediata de homens e equipamentos. E, ainda, técnicos como o diretor-executivo do Dnit, para passar a mensagem de que a União vai atuar na resolução da destruição causada na infraestrutura.
Para quem acompanhou a visita, também chamou a atenção o fato de que nem o presidente e nem os ministros trajavam os tradicionais coletes laranjas da Defesa Civil. A indumentária, no passado, costumava ser utilizada por gestores de diferentes esferas para mostrar trabalho em casos de eventos climáticos extremos, mesmo quando eles permaneciam em gabinetes, e não em áreas atingidas. Pela população, atualmente, a vestimenta tem sido associada mais a uma estratégia de marketing do que a ações concretas de enfrentamento dos problemas.