Lula contraria Congresso e permite 'saidinha' de preso para visitar família

Lula contraria Congresso e permite 'saidinha' de preso para visitar família

Veto deve ser assinado ainda nesta quinta-feira

Estadão Conteúdo

Veto deve ser assinado ainda nesta quinta-feira

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O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta quinta-feira, 11, que orientou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a vetar o trecho do projeto de lei que proibiu as saídas temporárias de presos no regime semiaberto para visitar as famílias. A sugestão do ministro será acatada pelo presidente e o veto deve ser assinado ainda hoje.

O Estadão antecipou que esta seria a posição do ministro para evitar maiores atritos com o Congresso, que aprovou o projeto com amplo apoio. Lewandowski ponderou que Lula vai sancionar todos os demais artigos aprovados pelo Congresso, inclusive o que classificou como o 'mais drástico', que proíbe o benefício aos detentos que estejam no regime semiaberto, mas que tenham sido condenados por crimes hediondos ou com uso de violência e grave ameaça.

'Nós entendemos que a proibição de visita à família dos presos que já se encontram no regime semiaberto atenta contra valores fundamentais da Constituição, o princípio da dignidade da pessoa humana, o princípio da individualização da pena e a obrigação que o Estado tem de proteger a família', disse Lewandowski. 'Nós preservamos todas as outras restrições que foram estabelecidas pela Congresso', prosseguiu.

Lewandowski justificou que é importante manter o direito dos presos de visitarem os familiares em datas comemorativas para preservar um 'valor cristão'. O ministro ainda afirmou que a medida é necessária por motivos 'humanitários' e 'constitucionais'. A avaliação da pasta da Justiça transmitida a Lula é de que as saídas temporárias constituem um direito que ajuda na ressocialização das pessoas privadas da liberdade. O ministro destacou que 'os presos merecem a proteção do Estado e devem ser tratado condignamente como qualquer ser humano'.

O posicionamento também contou com o crivo da Advocacia-Geral da União (AGU), que é chefiada pelo ministro Jorge Messias. 'A preocupação do Congresso Nacional foi preservada integralmente no sentido de tornar mais rígidas as saídas temporárias e repito que estarão sempre à critério do juiz da execução ou dos juízes corregedores', afirmou Lewandowski.

A discussão sobre a eficácia da 'saidinha' aumentou o confronto entre apoiadores de Lula e do ex-presidente Jair Bolsonaro neste ano de eleições municipais. O relator da proposta na Câmara foi o deputado Guilherme Derrite (PL), que é secretário da Segurança Pública no governo de Tarcísio de Freitas, aliado de Bolsonaro.


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