Lula diz não apoiar CPI para investigar atos golpistas em Brasília

Lula diz não apoiar CPI para investigar atos golpistas em Brasília

Presidente, no entanto, pontuou que a abertura da comissão é uma decisão do Congresso Nacional

AE

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que não apoia a ideia do Senado de criar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar as responsabilidades pelos atos golpistas em Brasília, no dia 8 de janeiro. "Uma comissão de inquérito pode não ajudar, e ela pode criar uma confusão tremenda. Não precisamos disso agora", afirmou Lula em entrevista à GloboNews.

O presidente justificou que há no País os instrumentos necessários para apurar o ocorrido na capital federal e questionou quais seriam os ganhos para as investigações com a CPI. "Temos 1.300 pessoas presas, estamos ouvindo depoimentos, pegando telefone celular, temos imagens de câmeras que sabemos quem participou, sabemos quem foi negligente, quem não foi negligente. O que a gente vai ganhar com uma CPI?", afirmou também ao petista.

Lula, no entanto, pontuou que a abertura da comissão é uma decisão do Congresso Nacional. "Mas, se por acaso eles me pedissem um conselho, eu diria não faça CPI porque ela não vai ajudar", enfatizou. A falta de consenso sobre a CPI também atinge o PT, partido do presidente da República, que está dividido sobre a necessidade da comissão. O Senado já atingiu o número de assinaturas necessárias para instaurar o colegiado. Segundo o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a instalação deve ocorrer após a volta do recesso legislativo, a partir de fevereiro.

Lula declarou que irá propor uma unidade do progressismo democrático pelo mundo como forma para impedir o ressurgimento do fascismo. Dentre os líderes mundiais, o chefe do Executivo disse que irá conversar com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre a ascensão da extrema-direita no mundo. Ao fazer um paralelo entre os ex-presidentes norte-americano Donald Trump e brasileiro Jair Bolsonaro, Lula disse que é preciso exigir que as "forças democráticas se manifestem, independente do partido".

"A extrema-direita existe hoje no mundo todo", pontuou o petista. "Aqui no Brasil nós ganhamos as eleições, e agora precisamos derrotar essa narrativa fascista", pontuou. A viagem de Lula aos Estados Unidos está marcada para 10 de fevereiro.

Conforme faz um paralelo no Brasil, o petista pontua que o Partido Democrata, de Biden, enfrenta dificuldades de governar. A situação assemelha-se ao cenário que o presidente brasileiro irá enfrentar no Congresso, que apresenta grande peso conservador. "É preciso que os democratas digam o que vão fazer para vencer as eleições nos Estados Unidos." "Não podemos permitir que volte à normalidade que Trump instituiu", afirmou.

Lula criticou a independência do Banco Central e questionou de que serve um BC independente se a inflação e taxa de juros estão elevadas. O petista pontuou que no Brasil se "brigou muito" para ter um BC independente "achando que ia melhorar". "É uma bobagem achar que um presidente do Banco Central independente vai fazer mais do que fez o Banco Central quando o presidente da República é quem indicava. Eu duvido que esse presidente do Banco Central seja mais independente do que foi o Henrique Meirelles", declarou.

"Por que o banco é independente e a inflação está do jeito que está? E o juro está do jeito que está?", questionou, em críticas à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na esteira da temática econômica, Lula disse ficar irritado com as cobranças sobre estabilidade fiscal no País. "Ninguém foi mais responsável do ponto de vista fiscal do que eu fui", disse. Em sua avaliação, estabilidade fiscal e social são antagônicas por "ganância" de empresários. "Quero que as pessoas que tenham estabilidade fiscal tenham estabilidade social."


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