Lula diz que pobres vêm antes de infraestrutura
Declaração foi feita durante palestra em Assunção, no Paraguai
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"É verdade que eu poderia fazer uma ponte, uma estrada, mas entre cuidar de 54 milhões de pessoas que estão passando fome e fazer uma estrada, a estrada pode esperar que essas pessoas comam, fiquem fortes e ajudem a construí-la", afirmou, em português misturado a algumas palavras em espanhol. "Se fizesse a estrada, essas pessoas morreriam de fome antes de vê-la terminada. É muito difícil encontrar alguém no setor de Fazenda ou Tesouro que esteja disposto a dar essa contribuição aos que estão abaixo. Não é uma política de esmola, de compensação, é um direito", acrescentou, em trecho do discurso reproduzido pelo jornal ABC Color.
Lula afirmou que os pobres ajudaram a salvar o Brasil. "Antes de eu chegar à presidência, eram tratados como se fossem problemas. E hoje eu digo que cuidar bem dos pobre é a solução para acabar com a miséria na nossa América do Sul."
Aperto fiscal
Lula disse que nações que passaram por apertos orçamentários muito fortes "ficaram mais pobres do que estavam antes do ajuste", segundo o jornal paraguaio. O ex-presidente afirmou ainda que conhece empresários excelentes, mas nenhum que trabalhe sem perspectiva de lucro. "Só quem pode fazer o investimento em que o único retorno é a saúde e a escola de uma criança, e não ter retorno financeiro, é o Estado. Só o Estado pode garantir que as pessoas tenham igualdade de oportunidades e condições", afirmou, segundo o Instituto Lula, que organiza as viagens do ex-presidente.
Lula defendeu suas visitas como palestrante à África e à América Latina. "Tenho tentado convencer os presidentes a colocar um dinheirinho para os pobres", afirmou. No dia 18 de agosto, diante de acusações de que o ex-presidente havia falado em eventos de organizações envolvidas na Operação Lava Jato, o Instituto Lula divulgou uma lista de empresas que o haviam contratado como palestrante. De 2011 até então, segundo o instituto, o ex-presidente tinha feito 70 palestras contratadas por 41 empresas e instituições. A remuneração, segundo o site, se dá "de acordo com sua projeção internacional e recolhendo os devidos impostos".
O ex-presidente chegou nesta quarta-feira, a Buenos Aires. Entre esta quarta e sexta-feira, ele dará duas palestras a grupos de empresários e organizações civis, receberá dois títulos de Doutor Honoris Causa e participará de atos de campanha do candidato kirchnerista Daniel Scioli, um deles ao lado da presidente Cristina Kirchner.