Lula nunca teve despesa paga por Valério, diz Secretário-Geral da Presidência
Gilberto Carvalho se manifestou sobre declarações que ligam ex-presidente ao mensalão
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O ministro, que é amigo pessoal do ex-presidente e foi seu chefe de gabinete durante dois governos, classificou o episódio como parte de uma campanha para “tentar fazer uma separação entre o presidente Lula e o povo brasileiro”. Segundo Carvalho, os membros do PT que cometeram erros na relação com Valério já foram devidamente julgados e penalizados. “Quem os praticou, quem teve algum tipo de relação com o senhor Marcos Valério e se contaminou, e teve problema por isso, já foi devidamente julgado no processo que está se encerrando lá no Supremo Tribunal Federa (STF)”. O ministro disse que as declarações não atingem Lula. “Não estamos preocupados porque o (ex-) presidente Lula não tem nenhuma participação e sequer conhecimento da maioria desses fatos que são agora arrolados".
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também se manifestou sobre o assunto. Ele disse nesta quarta-feira que as declarações atribuídas a Valério não têm qualquer significado do ponto de vista jurídico. Segundo ele, “desacompanhado de provas”, o depoimento não tem credibilidade. "É uma peça produzida por uma pessoa que estava sendo processada e condenada num julgamento, feita visivelmente na tentativa de, ou tumultuar esse processo, ou negociar a redução de sua pena. Então, parece claro que, do ponto de vista jurídico, sozinho, esse depoimento não tem nenhum significado", disse, ao participar hoje do lançamento da Escola Nacional de Mediação e Conciliação (Enam), no Palácio da Justiça.
O ministro chamou de “curiosa” a fase em que foram feitas as novas declarações, quando Marcos Valério já havia sido condenado pelo STF a mais de 40 anos de prisão pelos crimes de peculato, evasão de divisas, corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha na ação penal. Cardozo admitiu, no entanto, que do ponto de vista político, as supostas declarações de Valério podem ser utilizadas por setores da oposição, "que até agora não têm um discurso claro em relação à proposta para o país". “Serve como retórica política e eu acho que a oposição se apegará a isso para fazer uma caixa de ressonância”, disse.
Cardozo evitou comentar as declarações feitas na terça por autoridades, como o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, que defendeu que o Ministério Público Federal (MPF) apure as declarações de Valério, e disse que possíveis desdobramentos devem ser decididos pelo próprio MPF. “O que vai ser feito em relação a ele (depoimento) é uma decisão do Ministério Público. Ele dirá, no momento em que achar que deve, o que deve ser feito. Se será solicitada abertura de inquérito, se será feito arquivamento é uma decisão da PGR (Procuradoria-Geral da República), onde o depoimento foi prestado”, disse.
Ele reiterou ainda sua confiança no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em viagem à França e disse não acreditar que ele esteja abalado. “Com as inverdades colocadas contra ele, naturalmente, ele não deve estar abalado. Tenho certeza de que ele sabe que situações dessa natureza jamais farão com que os brasileiros deixem de reconhecer o importante papel na história que, como presidente da República, como lutador pela democracia, ele tem”, destacou.
De acordo com o jornal paulista, Valério disse em depoimento à PGR que Lula sabia do esquema do mensalão e se beneficiou dele. Valério disse que Lula autorizou empréstimos bancários ao PT para viabilizar o esquema de pagamento de propinas a parlamentares, apurado na Ação Penal 470, o processo do mensalão.