Marcelo Odebrecht confirma que mandou destruir provas

Marcelo Odebrecht confirma que mandou destruir provas

Ao ser alvo de denúncias do Ministério Público, delatador negou qualquer atuação para dificultar as investigações

AE

Ex-presidente da empreiteira disse que pessoalmente não apagou material, mas pode ser que algum executivo tenha destruído provas

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Marcelo Bahia Odebrecht, o ex-presidente do maior grupo empresarial alvo da Operação Lava Jato, confirmou em sua delação premiada que ordenou que provas da corrupção e da lavagem de dinheiro fossem destruídas. Um dos episódios, é uma anotação apreendida pela Polícia Federal, e destacada na denúncia criminal contra ele, em que ele escreveu "MF / RA - Higienizar apetrechos". O material foi recolhido na 14ª fase, deflagrada em 19 de junho de 2015, quando Odebrecht foi preso - ele continua na cadeia, em Curitiba.

"Quando foi deflagrada em novembro de 2014 e teve buscas e apreensões de Márcio e Rogério eu alertei eles, a primeira coisa: vocês não vão ter nada em seus computadores de coisas que vão comprometer a empresa", afirmou o delator, no Termo 45. "Estava mencionando duas questões aí: tanto eles terem coisas que comprometessem como também a essa altura do campeonato eu estava preocupado com grampos, imaginávamos que o pessoal poderia estar fazendo grampos de qualquer natureza", afirmou o delator.

"Alertei isso a eles e com certeza mencionei com outros executivos, mas na época o pessoal do jurídico me alertou logo depois: 'Olha vamos olhar questão de grampos e de rastreamento, mas não vamos fazer destruição porque caracteriza destruição de provas'", disse Marcelo. Quando foi alvo das denúncias do Ministério Público Federal, em Curitiba, Odebrecht reagiu duramente e negou qualquer atuação para tentar obstruir a Justiça ou dificultar as investigações.

Varreduras

O delator disse que pessoalmente não apagou material, mas pode ser que algum executivo tenha destruído provas. "Quando tomei a iniciativa não estava pensando nisso, aí tomei consciência. Tanto assim, que eu não apaguei nada. E até o pessoal me falou. Marcelo além de ser destruição de provas, é improdutivo. Porque depois que está no meio digital você não consegue apagar, esqueça."

Ele disse ter sido alertado ainda que "em algum momento" a empresa vai ter que "fazer investigação, e se se foi apagado, o pessoal vai descobrir, porque tem como descobrir que foi deletado". Sua maior preocupação, segundo o delator, seria os grampos."Isso sim durante todo tempo a gente se preocupou em fazer, durante todo tempo, fazer constantes varreduras para ter certeza que a gente não estava sendo monitorado", explicou ele no anexo 22, sobre obstrução de Justiça, no item 1 ele fala sobre a ordem.

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