Marina cancela ato de Salles que tirava poder de fiscais sobre multas ambientais

Marina cancela ato de Salles que tirava poder de fiscais sobre multas ambientais

Novo decreto estabelece qual será, a partir de agora, o processo administrativo federal para apuração destas infrações

AE

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A nova ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, colocou fim a um dos atos do ex-ministro da pasta Ricardo Salles que instituía um processo de "conciliação de multas" ambientais entre infratores e o Ibama. Na prática, as regras que estavam em vigor, em vez de solucionarem o problema do enorme passivo de autuações aplicadas pelo órgão, produziram uma crise administrativa interna, ao retirar uma série de atribuições técnicas dos fiscais, paralisando todo o trabalho em andamento no País.

Um novo decreto estabelece qual será, a partir de agora, o processo administrativo federal para apuração destas infrações. Uma das mudanças estabelece que os autos de infração e seus polígonos da área embargada deverão ser públicos. Pelas regras, 50% dos valores arrecadados com multas deverão ser revertidos para o Fundo Nacional do Meio Ambiente, voltado a viabilizar políticas públicas do setor.

O autuado poderá, no prazo de 20 dias contados da data da autuação, oferecer defesa ou impugnação contra a infração. Haverá ainda desconto de 30% caso o infrator opte pelo pagamento da multa à vista.

A solução dos casos passa por três caminhos: pagar a multa com desconto, parcelar ou converter a multa em serviços de preservação, melhoria e recuperação do ambiente. A autoridade ambiental poderá conceder, ao aprovar o pedido de conversão, desconto de até 60%, conforme a defesa apresentada pelo infrator

Estimativas apontam que o Ibama aplica cerca de 10 mil multas por ano. Até 2024, mais de 40 mil multas podem expirar. Há um ano, pesquisadores da Climate Policy Initiative, ligados à PUC-Rio, em parceria com o WWF-Brasil, fizeram levantamento sobre 1.154 autos de infração ambiental lavrados após 8 de outubro de 2019, quando o Salles mudou as regras. Do total, 98% dos casos ficaram paralisados.

Participação social

O governo também assinou despacho para retomar a estrutura do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), órgão colegiado consultivo e deliberativo que existe desde 1981, com objetivo de garantir a participação da sociedade em decisões ambientais. O órgão, porém, havia sido modificado pela gestão Jair Bolsonaro (PL), que reduziu significativamente a participação popular. No Decreto 11.018, de março de 2022, Bolsonaro reduziu o total de conselheiros de 96 para nove.


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