Mauro Cid afirma em delação que Bolsonaro encomendou cartão de vacina fraudado
Segundo o tenente-coronel, os documentos foram impressos e entregues em mãos a ex-presidente
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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), disse em seu acordo de delação premiada à Polícia Federal que o ex-presidente da República ordenou, no fim do seu mandato no Palácio do Planalto, que ele fraudasse cartões de vacina de Covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.
Segundo informações do portal UOL, Cid admitiu participação no esquema e apontou Bolsonaro como mandante. A reportagem diz que o ex-chefe do Executivo pediu que os cartões dele e da sua filha, Laura, de 13 anos, fossem fraudados. Segundo o tenente-coronel, os documentos foram impressos e entregues em mãos a Bolsonaro para que usasse quando "achasse conveniente".
O ex-ajudante de ordens confirmou que os dados falsos de Bolsonaro e de Laura foram inseridos no sistema do Ministério da Saúde por servidores da prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, em 21 de dezembro de 2022, nove dias antes de o ex-presidente viajar para os Estados Unidos. Naquela época, as leis americanas exigiam que os viajantes comprovassem a imunização contra a Covid-19.
As investigações da Operação Venire apontam que Bolsonaro e os seus aliados tinham "plena ciência" das falsificações. O objetivo, segundo a PF, era obter "vantagem indevida" em situações que necessitassem comprovação de vacina no Brasil e nos Estados Unidos. A PF identificou dois registros de vacinação de Bolsonaro no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias. O ex-presidente teria tomado o imunizante Pfizer em 13 de agosto e em 14 de outubro do ano passado. Além de Bolsonaro e Laura, Mauro Cid também teria falsificado o próprio cartão de vacinação e os da sua mulher, Gabriela Cid, e de suas três filhas.
Em um depoimento para a PF no dia 16 de maio, Bolsonaro negou que ele e a filha teriam sido vacinados contra a Covid-19. O ex-presidente também afirmou que não determinou e não tinha conhecimento das fraudes, o que agora é confrontado pela delação premiada de Cid.
Chance zero
Em suas redes sociais, o advogado e assessor de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, rechaçou a hipótese de Bolsonaro ter ordenado a falsificação dos dados de vacinação, como Mauro Cid relatou à PF. "Chance zero", disse Wajngarten na rede social X (antigo Twitter), completando: "Mundo todo conhece a posição do Pr @jairbolsonaro sobre vacinação. Como chefe de Estado, o passaporte/visto que ele possui não exige nenhuma vacina. Filha menor de idade jamais necessitou de vacinação, até porque possui comorbidades".