“Meu caso é mais um, é banal”, diz Santos Cruz sobre demissão

“Meu caso é mais um, é banal”, diz Santos Cruz sobre demissão

Ex-ministro participa de Congresso da Abraji em São Paulo

Correio do Povo

Santos Cruz lembrou Reginaldo Rossi ao comentar demissão

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O general Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, citou nesta quinta uma letra de Reginaldo Rossi para comentar sua demissão da pasta. Na abertura do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em São Paulo, o militar disse: “meu caso é mais um, é banal”, lembrando um trecho de “Garçom”, do compositor pernambucano. Questionado sobre sua saída da administração Bolsonaro, Santos Cruz destacou que isto é um processo normal dentro de um governo. Destacou também que há fatores éticos que não he cabem responder, mas que as pessoas podem avaliar. 

O general também foi perguntado sobre a atuação dos filhos do presidente Jair Bolsonaro na internet, mas se esquivou da resposta. “Não vou responder esta pergunta”, mas, após risos da plateia, emendou: “Mas, sabem, vocês estão vendo”.

Santos Cruz foi demitido no dia 13 de junho e substituído pelo general Ramos Pereira.  Ele sofria ataques do guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho, e críticas dos filhos do presidente. Mas era bem visto internamente, considerado um bom interlocutor, tendo sido elogiado pelo presidente pela articulação política para a aprovação do PLN 4 no Congresso, dos créditos extras. 

"Democracia funciona como jogo de pressão"
 

Santos Cruz ponderou que as discussões entre os Três Poderes é salutar ao sistema democrático. "Não quero me colocar na pele do presidente. A responsabilidade é inimaginável para quem não está exercendo a função. Tudo acaba tendo consequências. A democracia funciona como jogo de pressão, do poder Executivo e do Congresso Nacional e outros centros de poderes. A pessoa não pode achar que tem algo errado porque a imprensa está criticando a forma de governar ou o presente está discutindo com a Câmara. Isso é normal. Democracia não é o presidente mandar e achar que é isso", considerou, avaliando que não vê "ninguém querendo transformar o presidente em rainha da Inglaterra".

Ele também considerou que não há riscos para a democracia com o atual governo, considerando o maior perigo o roubo de patrimônio público. "A corrupção é um crime contra os direitos humanos. O Brasil vinha cansado com tanto escândalo de corrupção. A sensação de que eu tenho é que o Brasil foi assaltado e levou um arrastão daqueles de Copacabana que levam celular, óculos, tudo. Então, quando você vai para uma eleição mano a mano, não foi só o bolsonarismo que elegeu o presidente, mas também houve uma massa anti-PT que estava cansada".

"Não existe ala militar no governo"

O general defendeu que as Forças Armadas Brasileiras (FAB) não apoiaram a eleição de Bolsonaro, frisando o "apartidarismo da instituição". "Nunca confirmaram apoio a candidato nenhum. Ela tem que ficar de fora de uma decisão partidária. Nunca vi Forças Armadas com interesse em apoio institucional. A saída do presidente ocorreu há 30 anos, então não é uma questão de ligação emocional. Existe a impressão de uma ideia de vínculo, de apoio, mas isso não existe. Bolsonaro não é capitão, é presidente da República", afirmou. Contudo, ele admitiu que os integrantes da FAB têm preferências, "mas isso não quer dizer que as instituições tenham posicionamento".

A grande presença de militares no governo também foi um dos assuntos discutidos por Santos Cruz. Ele defendeu que não existe uma ala na gestão e atribuiu o número de membros das Forças Armadas ao trabalho honesto e reconhecido que exercem. "Nunca houve reunião dos militares para articular alguma coisa", falou.


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