Militares dizem que escolha de Amorim foi a pior possível

A escolha do ex-chanceler Celso Amorim para substituir Nelson Jobim, no Ministério da Defesa, desagradou almirantes, generais e brigadeiros e foi considerada "a pior surpresa" dos últimos tempos pelos militares. Para eles, a definição da presidente Dilma Rousseff só é comparável à escolha de José Viegas Filho, também diplomata, no início do governo Luiz Inácio Lula da Silva, para o mesmo cargo.

No caso de Amorim, de acordo com oficiais-generais da ativa entrevistados sob segredo de identidade, já que não podem se pronunciar para não serem punidos por descumprirem o regulamento disciplinar e quebrar a hierarquia, a situação ainda é mais delicada porque todos conhecem as posições do ex-chanceler durante sua passagem pelo Itamaraty, quando "contrariou princípios e valores" as Forças Armadas.

Apesar da contrariedade, eles não tomarão nenhuma atitude contra Amorim, em nome dos princípios da ética e disciplina. Para os militares, a escolha de Amorim tem "o dedo de Lula".

Paulo Bernardo elogia troca

Se os militares não escondem a insatisfação, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, elogiou a atitude de Dilma. "A presidente agiu bem em trocar o ministro porque, no governo existe hierarquia. Um ministro não pode sair por aí falando mal do outro. Isso não fica bem em lugar nenhum. Se um ministro tem um problema com algum colega, deve procurar a presidente da República e expor o caso a ela", analisou.

A situação de Jobim no ministério teria ficado insustentável depois das últimas declarações dadas por ele em uma entrevista à Revista Piauí, na qual chama a ministra Ideli Salvatti (das Relações Institucionais) "de fraquinha" e acusa a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), mulher de Paulo Bernardo, de não conhecer Brasília.

Indagado sobre essas críticas, Bernardo reconheceu apenas que Jobim "se excedeu um pouco". E desconversou: "Não quero falar do Jobim, não tenho nada contra ele. Mas quero dizer que a escolha de Celso Amorim (ex-chanceler que vai ocupar a pasta da Defesa) foi muito boa porque ele é uma pessoa competente." 

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