Ministério de Bolsonaro deverá ter aliados recentes

Ministério de Bolsonaro deverá ter aliados recentes

Paulo Guedes, indicado por Bolsonaro como seu futuro ministro da Economia, coordena um grupo grande de técnicos

AE

Filhos de Bolsonaro também são políticos

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A lista com os 50 nomes da equipe de transição estava quase fechada quando Jair Bolsonaro determinou novo toque de recolher na campanha e avocou para si a tarefa de escolher cada um dos aliados que farão parte de seu primeiro time de governo. A decisão pegou alguns do grupo de surpresa, mas foi vista apenas como recuo estratégico. No entorno de Bolsonaro, há poucas dúvidas sobre o time que, ao lado do presidente eleito, emergirá ao poder.



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O núcleo duro do candidato do PSL é composto por aliados de longa data e outros conquistados mais recentemente, já no curso das tratativas rumo à disputa eleitoral. Diferentemente de outros candidatos, Bolsonaro tem um núcleo político robusto dentro de casa.

Levados à política pelo pai, o senador eleito Flávio, o vereador Carlos e o deputado federal Eduardo — os três primeiros dos cinco filhos de Bolsonaro — contam com a confiança do presidenciável e compõem seu grupo mais próximo.

Fora do círculo familiar, quatro personagens detém atualmente inegável influência no entorno do militar. O advogado Gustavo Bebianno, presidente interino do PSL, conheceu Bolsonaro apenas em 2017 após inúmeras tentativas de aproximação, mas hoje é peça central nas articulações políticas do grupo bolsonarista. É cotado para compor o ministério do governo e tem atuado nos bastidores sondando nomes para compor a nova administração.

Até pouco tempo neófito no mundo político, o economista Paulo Guedes foi apresentado a Bolsonaro em novembro do ano passado e uniu-se ao grupo oficialmente neste ano. Tornou-se fiador de seu projeto liberal e muleta de primeira quando o assunto na campanha se voltou para a economia - passou a ser chamado jocosamente pelo próprio candidato de "Posto Ipiranga".

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Sondagens

Guedes, indicado por Bolsonaro como seu futuro ministro da Economia, coordena um grupo grande de técnicos, entre economistas, advogados e outros especialistas, que trabalham no plano de governo. Ele tem feito sondagens para cargos no futuro governo entre executivos de bancos e gestoras e integrantes da equipe de Michel Temer.

Também apontados como ministros de seu governo, outros dois nomes completam o primeiro time de aliados: o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que assumirá a Casa Civil, e o general da reserva Augusto Heleno, convidado para assumir a Defesa. Com Heleno, a relação remonta à década de 1970, quando se conheceram na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).

A proximidade, no entanto, veio após o impeachment de Dilma Rousseff. Procurado pelo próprio Bolsonaro para ajudar com a campanha, Heleno montou uma equipe ampla para discutir propostas de governo. Lorenzoni, cuja amizade com Bolsonaro veio dos tempos de Congresso, é entusiasta e apoiador de sua candidatura desde o início. Trabalhou em costuras locais pró-Bolsonaro nas eleições e está encarregado das conversas com outros deputados para angariar apoio e montar a base parlamentar do governo.

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Da caserna

O núcleo militar, no qual Heleno exerce liderança, é composto ainda pelos generais Oswaldo Ferreira, outro nome cotado para ocupar um ministério de Bolsonaro, e Aléssio Souto Ribeiro, que trabalha no grupo de governo que elabora propostas paras as áreas de educação e ciência e tecnologia.

O time da caserna foi ganhando força ao longo da campanha e a expectativa é de que ocupe espaço relevante em Brasília - fala-se até em um militar na presidência da Petrobrás.

O núcleo político, que tem Lorenzoni em papel de destaque, é composto ainda por nomes que se tornaram pontes importantes de Bolsonaro com grupos do Congresso. O senador eleito Major Olímpio, filiou-se ao PSL neste ano no encalço do capitão, tornou-se presidente do partido em São Paulo e compõe a chamada "bancada da bala". O senador Magno Malta (PP-ES), ex-pastor que não conseguiu se reeleger, tem trânsito entre lideranças evangélicas.

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No grupo de conselheiros empresariais, Paulo Marinho foi ganhando relevância durante o avanço da campanha. Entusiasta inicialmente da candidatura de João Doria (PSDB) ao Palácio do Planalto, foi se aproximando do grupo bolsonarista com a ajuda de Bebianno, de quem é amigo.

Marinho tornou-se primeiro suplente de Flávio Bolsonaro, eleito senador pelo Rio, e transformou sua casa nos últimos meses em base da campanha do capitão da reserva - é na residência do empresário onde Bolsonaro grava vídeos para o horário eleitoral, por exemplo.

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