"Morte de Malhães apavorou depoentes", diz membro da CNV

"Morte de Malhães apavorou depoentes", diz membro da CNV

Comissão começou mutirão para ouvir depoimentos de 41 agentes da repressão da ditadura militar

Agência Brasil

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O ex-coordenador e membro da Comissão Nacional da Verdade (CNV), José Carlos Dias, disse que a morte do coronel Paulo Malhães “apavorou muita gente”, entre os depoentes da comissão. Dias e outros membros se reuniram nesta quarta com a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti.

“A coincidência daquela morte foi estranha e serviu de estímulo para que muitos se recusassem a falar, a comparecer. É o medo. Isso é muito significativo. Mas conseguimos saber muitas coisas e, cruzando com documentos, vamos apresentar um relatório substancioso”, disse Dias, sobre o relatório final da Comissão que será apresentado em 10 de dezembro.

A CNV começou, na segunda, um mutirão para ouvir depoimentos de 41 agentes da repressão da ditadura militar no Brasil. Eles serão colhidos em Brasília e no Rio de Janeiro. Segundo Dias, a comissão pediu, em reunião com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e com o diretor da Polícia Federal, Leandro Daiello, o apoio da PF para a condução coercitiva daqueles que se recusarem a comparecer. “Nós queremos que (o depoente) venha voluntariamente, mas ele pode ser conduzido, já que nós temos o poder de convocar para prestar depoimento”.

Além de Dias, estiveram reunidos com a ministra Ideli os membros da comissão Paulo Sérgio Pinheiro e André Saboia. No encontro foi sugerida a criação de um órgão federal que possa aproveitar os trabalhos da comissão e dar prosseguimento ao legado que será deixado após o fim do seu trabalho, em 16 de dezembro.

Salvatti disse que vai apresentar a proposta de trabalho à presidenta Dilma Rousseff e propor a criação de um departamento, que sirva como um canal para concentrar também as informações colhidas por outras comissões.

“A CNV vai apresentar recomendações em seu relatório, então é importante começar a pensar além do legado para o Arquivo Nacional, para que todo o trabalho possa ser aproveitado”, disse Pinheiro, explicando que em vários países do cone sul há um departamento com essa vocação, como a Secretaria de Direitos Humanos para o Passado Recente, do Uruguai.

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