“Não há nenhuma hipótese de eu desistir”, diz Nísia após ter permanência no cargo questionada

“Não há nenhuma hipótese de eu desistir”, diz Nísia após ter permanência no cargo questionada

Ministra viu tensão escalar após uma reunião ministerial de março, quando foi cobrada pelo presidente Lula a respeito da dengue, crise Yanomami e os hospitais federais do Rio de Janeiro

Estadão Conteúdo

"Eu me sinto honrada por ocupar esse ministério, não há nenhuma hipótese de eu desistir desse trabalho", disse a ministra

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A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou na terça-feira, 16, que não desistirá do trabalho na pasta. A fala foi dada após questionamento feito pela senadora bolsonarista Damares Alves (Republicanos-DF), que elogiou o currículo da ministra e perguntou se Nísia estava confortável em continuar no cargo.

Nísia participa desta terça de uma sessão da Comissão de Assunto Sociais (CAS) do Senado para responder sobre temas como dengue, crise Yanomami, e também sobre políticas colocadas em prática pelo Ministério da Saúde.

"Eu me sinto honrada por ocupar esse ministério, não há nenhuma hipótese de eu desistir desse trabalho. Quem é responsável pela minha nomeação é o presidente da República, presidente Lula, que me convidou", disse a ministra.

Desde janeiro, Nísia tem sido alvo de fritura dentro e fora do governo. A ministra viu a tensão escalar sobretudo após a reunião ministerial de março, quando foi cobrada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a respeito de resultados na pasta no que diz respeito à dengue, crise Yanomami e os hospitais federais do Rio de Janeiro.

Na sessão desta terça-feira, Damares afirmou que não há torcida contra a ministra e que os senadores querem que ela dê certo, mas questionou a gestão de Nísia. "A senhora é uma boa técnica, é uma grande profissional, uma grande cientista, mas os erros da sua pasta são gritantes", afirmou.

Durante a fala, Damares criticou a condução do ministério no que diz respeito à vacinação contra dengue e à crise Yanomami.

"A senhora está sendo sabotada dentro do ministério? A senhora tem controle de tudo que está acontecendo ali? A senhora está confortável em continuar nesse cargo? A senhora é muito boa, não termina a sua história na condução dessa pasta, se a senhora não estiver se sentindo confortável", disse Damares.

Além de dizer que não desistirá, a ministra afirmou que continuará trabalhando na defesa do SUS e dos cidadãos brasileiros. "Como nas várias estratégias que recuperamos e nas inovações que temos feito", afirmou.

Ao longo da sessão, senadores da oposição e da base do governo trocaram farpas. Na ocasião, a conduta do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia foi lembrada e criticada. O governo atual também foi criticado, sobretudo no que diz respeito a falhas na condução do combate à epidemia de dengue. Uma das menções foi a baixa adesão à vacinação.

Nísia respondeu que estratégias paralelas de combate à doença estão em curso e que "se não houvesse negacionismo à vacina, certamente as famílias estariam levando suas crianças e jovens para serem vacinados".

Durante a sessão, senadores reclamaram da falta de proximidade da ministra com o Senado. Uma das principais críticas contra a ministra é a falta de traquejo político na condução da pasta. Em outubro de 2023, a ministra Nísia Trindade participou de uma reunião conjunta da CAS e da Comissão de Direitos Humanos.

De acordo com a assessoria parlamentar do Ministério da Saúde, Nísia já foi oito vezes ao Congresso Nacional, sendo seis delas na Câmara e duas no Senado. Em 2023, a ministra recebeu 212 deputados e 42 senadores. Neste ano, até o momento foram 36 deputados e quatro senadores.

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