“Ninguém consegue calcular qual será o impacto”, lamenta Marchezan sobre pandemia

“Ninguém consegue calcular qual será o impacto”, lamenta Marchezan sobre pandemia

Prefeito justificou restrição a circulação de idosos porque parte da sociedade não estava se isolando

Correio do Povo

Prefeito está em isolamento domiciliar

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Diante do que definiu como maior desafio de sua carreira como gestor, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr., avaliou em entrevista à Rádio Guaíba que “ninguém consegue calcular qual será o impacto” gerado pela pandemia de Covid-19 na Capital. Ao mesmo tempo, defendeu as medidas “sem nenhuma inclinação ideológica ou pessoal” tomadas pelo Paço Municipal para frear a disseminação da doença na cidade. “Teremos uma crise. Pessoas desempregadas, empresas fechando. Teremos no mundo todo uma situação econômica e social ruim. Ninguém sabe quanto vai durar. Tomara que eu esteja errado e seja motivo de críticas, mas tudo indica que o nosso inverno vai alongar o problema e teremos uma demanda de UTI por três ou quatro meses”, afirmou nesta terça-feira em entrevista por telefone à Rádio Guaíba.

O chefe do Executivo municipal argumentou que é difícil aplicar uma ação adotada pelo governo federal que sirva para os mais de cinco mil municípios. “O que serve para Porto Alegre não necessariamente serve para Bagé ou Dom Pedrito. São medidas diferentes para circunstâncias diferentes. Não são populistas, não são demagógicas. São decisões muito difíceis, que não temos experiências de tomar. Não podemos dar uma dose maior e parar tudo porque a pobreza também mata” avaliou o prefeito, que está quarentena após contato com os presidentes do Grêmio e do Inter, ambos infectados pelo novo coronavírus.

Para Marchezan, trata-se de um paradoxo, pois apontou que as medidas buscam justamente o contrário do que é proposto por sua gestão. “Trabalhamos durante quatro anos para as pessoas andarem mais de ônibus e agora dizemos o contrário, trabalhamos para combater a abstenção nas escolas, e as aulas foram canceladas”, argumentou.  “Estamos protegendo as pessoas para não termos agravante, uma super demanda de maio até junho, quando nossos hospitais ficam lotados, principalmente de crianças e idosos, os principais vetores de transmissão e os mais atingidos”, disse.

Restrição aos idosos 

Sobre os idosos, Marchezan afirmou que entende que muitos podem não concordar com a restrição da circulação de pessoas com mais de 60 anos. Ele pontuou que na China e na Itália, países com os maiores números de casos e óbitos em decorrência dos vírus SARS-Cov-2, 85% dos infectados são pessoas idosas. A taxa de mortalidade no mundo inteiro para cidadãos acima dessa idade é de 15%, apontou, referindo-se ao dado como um número alto do ponto de vista estatístico.

“Nossa preocupação é focar nos alvos do vírus, onde ele é mais letal: os idosos. Havia uma parte da sociedade que, percentualmente, não estava fazendo isso. Justamente essa parte que tem estatisticamente mais risco de óbito. Temos 255 mil pessoas acima de 60 anos, 30 mil acima de 80 anos e temos que buscar atender essas pessoas”, disse, defendendo a vacinação do grupo em farmácias – medida anunciada ontem – como uma forma de evitar aglomerações nos postos de saúde.

Neste momento classificado como "angustiante" pelo prefeito, ele disse que faz na cidade o possível  para a qualidade de vida melhorar. “Se o cidadão olhar para sua janela, ele vai ver em algum momento algum serviço público. A orientação é de que as obras continuem para que quando voltar tenhamos serviços melhores, uma cidade muito mais bonita e melhor”, afirmou. Caso essas atividades precisem parar, ou outras medidas forem necessárias, elas virão em novos decretos, de acordo com Marchezan. 


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