Novo governador do Rio promete enfrentar poder paralelo de "narcoterroristas"

Novo governador do Rio promete enfrentar poder paralelo de "narcoterroristas"

Durante posse, Wilson Witzel afirmou que é "hora de libertar o estado da irresponsabilidade da corrupção"

Agência Brasil

Witzel afirmou que estruturas policiais estão sendo reorganizadas para ampliar a capacidade de investigar e de prender

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Ao tomar posse nesta terça-feira como governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) reiterou em seu discurso o compromisso com o combate à corrupção e ao crime organizado. Ele disse ainda que assumir o Estado é um ato de amor e se emocionou em alguns momentos, como quando agradeceu com a voz embargada à sua esposa, Helena; Witzel classificou de "narcoterroristas" os envolvidos no tráfico de drogas e afirmou que as estruturas policiais estão sendo reorganizadas para ampliar a capacidade de investigar e de prender.

"Criminosos assumiram pelo poder das armas o domínio de porções do nosso território, trazendo a desgraça e a desordem ao cidadão de bem. Não permitirei a continuidade desse poder paralelo", disse. A reorganização das estruturas envolve a substituição da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Seseg) por duas pastas: a Secretaria de Estado de Polícia Militar (SEPM) e a Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol).

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) continuará existindo. Além disso, foi criada a Secretaria Executiva do Conselho de Segurança Pública. Em seu discurso, Witzel disse que esta estrutura possibilitará a aproximação das instituições. "É fruto da nossa experiência e estudos aprofundados por mais de 20 anos".

A cerimônia de posse ocorreu na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e foi conduzida pelo presidente da casa, o deputado estadual André Ceciliano (PT). Entre as autoridades que compuseram a mesa, estavam o prefeito carioca Marcelo Crivella (PRB); o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM); e o cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta.

De acordo com o novo governador, o resultado das eleições no país simbolizou o grito dos homens e das mulheres que estão cansados dos atos de corrupção. "É chegada a hora de libertar o estado da irresponsabilidade da corrupção que marcou as duas últimas décadas da política estadual", acrescentou.

Witzel encerrou seu discurso prestando homenagem à Carlos Lacerda, que governou o extinto estado da Guanabara entre 1961 e 1965. Segundo o novo governador, ele deixou um legado de desenvolvimento ao Rio de Janeiro e lembrou uma de suas falas: "A impunidade gera a audácia dos maus. O futuro não é o que se teme. O futuro é o que se ousa. Eu ousei".

Gastos públicos

O novo governador do Rio de Janeiro manifestou também apoio ao governo federal no processo de mudança da ordem tributária, previdenciária e econômica, sinalizando seu alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Witzel irá comparecer à cerimônia em Brasília. Ele avaliou que o estado tem papel fundamental como indutor do crescimento econômico com geração de emprego e de renda, ao mesmo tempo em que reafirmou seu objetivo de reduzir os gastos públicos. "Nossa tarefa será racionalizar os custos e garantir mais recursos para os municípios". Um decreto visando a redução dos gastos públicos já foi publicado hoje no Diário Oficial do Estado. 

Witzel disse ainda que a economia do estado não consegue se desenvolver de costas para os agricultores fluminenses e classificou o turismo como o "novo petróleo". Ele também destacou o papel da Alerj para gerar confiança aos investidores. "É responsabilidade desta casa ser parceira do governo do estado para que a credibilidade seja mantida e sejam retomados os investimentos".

Renúncia à toga

O governador também mencionou em seu discurso as razões que o levaram à política. "Eu renunciei a uma carreira, renunciei à toga, à magistratura federal e iniciei uma jornada que simboliza todo o meu amor e a minha indignação a tudo que vimos e ouvimos. É um ato de amor ao povo do estado do Rio de Janeiro". Dirigindo-se aos seus secretários, Witzel afirmou que o governo não tem direito de errar.

Ele agradeceu ainda os apoios que recebeu desde o primeiro turno, quando ainda era o "candidato do 1%". "Não há política sem militantes, sem fé, sem aqueles que acreditam em uma ideologia. E vocês, militantes partidários, doando suas vidas, doando seu tempo para caminharem lado a lado comigo, saibam que terão em mim sempre a confiança que vocês me depositaram".

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