“O prefeito que votou contra os vereadores”, sustenta vereador sobre crise entre Fortunati e o PDT

O vereador Thiago Duarte, um dos integrantes da bancada pedetista na Câmara de Porto Alegre que votou contra as decisões do prefeito José Fortunati (PDT), afirmou nesta quarta-feira, em entrevista à Rádio Guaíba, que a orientação do governo foi contraditória. A derrubada de vetos do prefeito com apoio de vereadores do próprio partido, no início da semana, foi o estopim para um pedido de licenciamento de Fortunati do PDT.

Segundo Duarte, em dezembro do ano passado os vereadores foram orientados pelo Executivo municipal a aprovar mais de 50 projetos, entre eles dois que o próprio prefeito vetou, meses depois. O vereador entende que orientar a base para votar demandas da comunidade e depois cobrar que os vereadores mudem de postura gera constrangimento para a Câmara.

Dois vetos de Fortunati acabaram derrubados na segunda-feira, autorizando em um dos casos a criação de áreas de interesse especial em 14 terrenos ocupados irregularmente na Capital. O outro veto derrubado, o que leva a lei à promulgação, obriga a utilização de aparelhos de ar condicionado nos ônibus da Capital. Apesar do veto do prefeito Fortunati e da crise instalada entre o chefe do Executivo e a base na Câmara, o pedetista Thiago Duarte segue defendendo a medida.

“Na verdade não foram os vereadores que votaram contra o prefeito, foi o prefeito que votou contra os vereadores, inclusive da sua base. É ruim a gente praticar algo e não querer que isso seja estendido para os outros. Principalmente numa cidade de 40ºC como Porto Alegre e quando se quer qualificar o transporte coletivo para que as pessoas deixem o carro em casa e andem de ônibus”, afirmou, lembrando que os políticos, em maioria, dispõem de carros com ar-condicionado.

Nesta quinta-feira, diante do licenciamento de Fortunati do PDT até o fim da gestão, o presidente nacional da sigla vem a Porto Alegre na tentativa de dissuadir o prefeito porto-alegrense da ação. Na sexta-feira, executivas municipal e estadual da sigla terão uma reunião para resolver o dilema. Fortunati foi convidado, mas já avisou que não pretende comparecer.

Por outro lado, conforme apuração da jornalista Flávia Bemfica do Correio do Povo, a cúpula estadual do partido recebeu a decisão de Fortunati com indiferença. Vieira da Cunha, via assessoria, disse que não vai tratar da questão porque ela se refere ao partido e alegou estar licenciado da presidência. O senador Lasier Martins, mesmo cordial, deu seu recado: “Se eu tiver um tempo, vou ligar para ele (Fortunati)”, informou. Segundo Lasier, cabia ao prefeito pedir uma reunião da Executiva para mostrar insatisfação. “Já dissabores com a bancada na Câmara são muito pequenos para a figura dele. Não justificam essa atitude”, resumiu.

O fato é que, desde o ano passado, circula no partido a informação de que Fortunati já mantinha conversas com outras siglas, de forma particular com o PSD, de Gilberto Kassab.