Operação da PF com Bolsonaro como alvo repercute entre parlamentares do RS

Operação da PF com Bolsonaro como alvo repercute entre parlamentares do RS

Políticos gaúchos dividem-se entre duas visões: defesa da responsabilização pelos atos do dia 8 de janeiro e perseguição aos opositores de Lula

Correio do Povo

Polícia federal realizou operação com Bolsonaro e aliados como alvo

publicidade

A operação da Polícia Federal que apura a participação de pessoas na tentativa de golpe em 8 de janeiro do ano passado, realizada nesta quinta-feira em dez estados e que teve Jair Bolsonaro como um dos alvos, gerou repercussão em parlamentares gaúchos. Defensores e opositores do ex-presidente dividiram-se em visões que chamam de “perseguição” aos opositores de Lula e quem cobra a responsabilização aos envolvidos como mentores intelectuais do plano golpista que contestava a eleição de 2022.

Vice-líder do governo Lula no Congresso, o deputado federal gaúcho Elvino Bohn Gass (PT) afirmou que as instituições caminham para punir todos os golpistas. “A operação da Polícia Federal, hoje, foi embasada em provas de que aconteceram, sim, reuniões para tratar da minuta (ou das minutas; foram várias) golpista. Portanto, a tese bolsonarista de que não houve a tentativa de golpe, cai por terra. Tentaram, sim. Só não conseguiram”, escreveu em seu perfil na rede social X.

Bohn Gass ainda ressaltou o trabalho da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos de 8 de janeiro, afirmando que muitos dos alvos da operação foram inquiridos pelo colegiado.

A deputada federal Maria do Rosário (PT) também cobrou punições e afirmou que o Congresso não pode aceitar tais atos. “Fatos gravíssimos. O golpe foi planejado e parcialmente executado, não tendo êxito pela força das instituições. Mesmo a Câmara e o Senado que convivem com a pluralidade partidária não podem aceitar quem rasga a Constituição. Todos devem ser punidos!”

Para a também deputada federal Fernanda Melchionna (PSol), a operação foi “fundamental e necessária” para não haver anistia para responsáveis por atos golpistas. “Evidentemente, para não ter impunidade, é fundamental que os mentores intelectuais do ato de oito de janeiro e todos os ataques às liberdades democráticas anteriores sejam responsabilizados.”

Veja Também

Já do lado dos apoiadores de Bolsonaro, as ações foram vistas como uma espécie de perseguição. Vice-presidente na gestão de Bolsonaro e atualmente senador pelo RS, Hamilton Mourão (Republicanos) usou a tribuna do Senado para falar sobre o tema.

Para ele, o país vive um momento de “não normalidade”, caminhando para o que chamou de “um regime autoritário”. “As medidas persecutórias variam conforme as circunstâncias, cassando uns, prendendo outros, mas não esconde seu objetivo final: a supressão da oposição política no país.” Mourão conclamou quem pensa como ele a “denunciar esse ato publicamente”, mas sem “radicalismos e ruptura”, através de palestras, entrevistas, artigos e postagens nas redes sociais contra “os arbítrios do STF”.

Presidente estadual do PL, partido do ex-presidente, o deputado federal Giovani Cherini, vê as ações como o fim “do mundo, da Constituição, do Congresso, da democracia e do direito de defesa”. “O perigo surge quando a Justiça não o condena pelo que você fez, mas sim pelo que ela supõe que tenha feito, mesmo que você seja inocente.” Ele questiona a autorização pelo ministro do STF Alexandre de Moraes de ações tendo como alvo pessoas sem foro privilegiado.

Deputado federal gaúcho mais votado nas últimas eleições, o Tenente-Coronel Zucco (PL) foi contatado, mas não retornou as mensagens. Ele publicou uma mensagem nas redes sociais. “Dadas as incertezas e nebulosidades do momento, não há muito o que dizer e nem mesmo se pode falar muito. Como todos os brasileiros, estamos atônitos e preocupados. Mas pedimos a compreensão e a confiança de todos, pois não estamos inertes. Oremos pelo Brasil e pelos brasileiros.”


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895