Oposição quer que Marcos Valério explique declarações no Congresso

Oposição quer que Marcos Valério explique declarações no Congresso

Segundo jornal O Estado de São Paulo, empresário disse que Lula aprovou empréstimos do mensalão e recebeu do esquema

AE

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Lideranças do PSDB e do DEM defenderam na manhã desta terça-feira o comparecimento do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza no Congresso Nacional para explicar as declarações prestadas por ele, em setembro, à Procuradoria Geral da República (PGR). Em reportagem publicada no jornal O Estado de S.Paulo, Valério afirmou, em depoimento ao Ministério Público, que recursos do mensalão pagaram despesas pessoais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele disse ainda que Lula deu o aval para que os bancos Rural e BMG tomassem os empréstimos que abasteceram o esquema de compra de apoio político no Congresso.

O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), disse que vai propor na reunião da bancada, no início da tarde, a aprovação de um requerimento de convite para Valério comparecer a uma comissão da Casa, possivelmente a de Constituição e Justiça. "É o capítulo ainda não escrito do mensalão, que deve ser escrito por exigência nacional", afirmou. O tucano disse ter informações de que Valério entregou ao Ministério Público "provas materiais" do que falou.

O presidente do DEM e líder do partido no Senado, Agripino Maia (RN), classificou o assunto de "gravíssimo" e disse que o mínimo a ser feito é tentar levar o empresário, conhecido como operador do mensalão, ao Congresso. Segundo Agripino Maia, é necessário avaliar a possibilidade de ser ouvido também o ex-assessor da Presidência Freud Godoy, cuja empresa, segundo Valério, teria recebido o repasse de recursos para pagar as despesas do ex-presidente. Maia disse que vai se reunir com lideranças da oposição para traçar, ainda nesta terça-feira, qual estratégia a adotar.

Lula no Congresso

O líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), disse que analisa com a área jurídica do partido a possibilidade de enviar um convite a Lula. "Sempre há uma expectativa forte de que ele (o ex-presidente) era o grande chefe de todos", afirmou. "A reportagem do Estado vem confirmar tudo aquilo que vinha sendo dito sobre ele", completou. "Ele tem que se explicar"

O líder do PSDB no Senado disse que a oposição não tem votos para aprovar um convite ao ex-presidente. Mas o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que foi sub-relator da CPI dos Correios, que investigou o esquema do mensalão, defende também a aprovação do comparecimento de Valério em comissões da Câmara.

Gurgel diz que só falará depois do julgamento do mensalão

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, avisou por meio de sua assessoria de imprensa que não fará nenhum comentário sobre a revelação de Marcos Valério à PGR e que só falará sobre o assunto depois da conclusão do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Gurgel participa na manhã desta terça-feira de reunião do Conselho Nacional do Ministério Público, em Brasília.

O repasse

O jornal O Estado de São Paulo teve acesso à integra do depoimento de Marcos Valério, em que ele diz ter passado dinheiro para Lula arcar com "gastos pessoais" no início de 2003, quando o petista já tinha assumido a Presidência da República. Os recursos foram depositados, segundo o empresário, na conta da empresa de segurança Caso, de propriedade do ex-assessor da Presidência Freud Godoy, uma espécie de "faz-tudo" de Lula. Valério especificou apenas um dos repasses feitos, no valor de R$ 100 mil

Empréstimos

Ainda segundo o depoimento prestado em setembro, Valério relata que Lula deu o "ok" para que as empresas do empresário obtivessem empréstimos com os bancos BMG e Rural. Segundo concluiu o STF, as operações foram fraudulentas e o dinheiro, usado para comprar apoio político no Congresso no primeiro mandato do petista na Presidência da República.

No relato feito ao Ministério Público, Valério afirmou que no início de 2003 se reuniu com o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o tesoureiro do PT à época, Delúbio Soares, no segundo andar do Palácio do Planalto, numa sala que ele descreveu como "ampla" que servia para "reuniões" e, às vezes, "para refeições". Ao longo desse encontro, Dirceu teria dito que Delúbio, quando negociava com Valério, falava em seu nome e em nome de Lula. E acertaram, ainda segundo Valério, os empréstimos.

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