Pagot diz que Cachoeira e diretor da Delta patrocinaram saída dele do Dnit

Pagot diz que Cachoeira e diretor da Delta patrocinaram saída dele do Dnit

Ex-diretor da autarquia prestou depoimento à CPI nesta terça-feira

Agência Estado e Agência Brasil

Ex-diretor do Dnit Luiz Antonio Pagot presta depoimento à CPI do Cachoeira

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O ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot disse na manhã desta terça-feira, durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Cachoeira (CPI), que o contraventor e pivô da CPI, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o diretor da Delta no Centro-Oeste, Claudio Abreu, patrocinaram a saída dele do Dnit por ele ter contrariado interesses da construtora em obras de vários pontos do País. Pagot afirmou que havia irregularidades em algumas obras e a exigência do órgão em corrigir esses problemas provocou o dissabor à construtora. "Acredito que esses fatos todos, se nós agimos no interesse de preservar a qualidade das obras e o cumprimento dos compromissos, provocaram dissabores a Claudio Abreu, o que o levou, juntamente com Cachoeira, a patrocinar uma matéria jornalística que me tirou do Dnit", afirmou.

Ele citou que houve problemas na obra da BR-116 no Ceará, na qual a Delta subcontratou uma empreiteira sem autorização do Dnit. Também contou que, na BR-104, em Pernambuco, a empresa insistia em um aditivo de preços que não foi concedido por Pagot. Em outra obra, no Rio de Janeiro, o Dnit tentava retirar a Delta por descumprimento de contrato. "Tínhamos um cronograma e a empresa sempre ficava dando desculpas. O que percebemos é que havia uma postergação da empresa em entrar na obra", disse Pagot.

Pagot lembrou outro episódio em Mato Grosso no qual a empreiteira usou placas de concreto fora da especificação e aquém da medida estabelecida no projeto. Segundo Pagot, Claudio Abreu insistia em deixar a obra como estava, o que foi negado pelo Dnit.

Exonerado em meio a denúncias de corrupção no Dnit, Pagot disse não renegar sua gestão e poderia prestar esclarecimentos, inclusive, em uma eventual CPI do Dnit. “Tinha esperança de haver uma CPI do Dnit para passar a limpo a autarquia, principalmente a gestão de que participei. O momento de minha saída, sem qualquer possibilidade de defesa, sobre o prisma de absoluto isolamento, minha presença à frente do Dnit não era necessária, deixei a autarquia sem ter medo do passado e sem negar a minha gestão.”

Perguntado pelo relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), por que integrantes da organização criminosa comemoraram sua demissão do cargo, Pagot disse que não dava “vida boa” a empresas com contrato com o Dnit. “Acredito que era pela atuação que vinha tendo no Dnit. Não dava vida boa a nenhuma empresa, empreiteira, nenhum prestador de serviço”, disse. Sobre a Delta, Pagot disse que esteve em algumas ocasiões com o ex-dono da empresa Fernando Cavendish.

Demóstenes pediu obras para Delta

Pagot ainda afirmou que que se encontrou com o então presidente da Delta Fernando Cavendish em jantar patrocinado pelo ex-senador Demóstenes Torres no qual lhe foi pedido que destinasse obras para a construtora Delta. O ex-diretor do Dnit contou que em fevereiro de 2011 foi chamado pelo então senador para ir a um jantar em sua casa. Chegando lá, se surpreendeu ao encontrar Cavendish, além de Claudio Abreu e outros integrantes da empresa. Em determinado momento, disse Pagot, ele foi chamado por Demóstenes a uma sala reservada, onde o senador o abordou sobre as obras. "Ele disse: tenho dívidas com a empresa Delta, que tem me apoiado nas campanhas, e preciso ter uma obra com meu carimbo", relatou Pagot.

O ex-diretor do Dnit afirmou que respondeu a Demóstenes dizendo que lamentava, mas que não poderia atendê-lo. Segundo Pagot, era impossível reservar uma obra para a Delta. Pagot disse ainda que o senador mencionou duas obras em Mato Grosso, uma na BR 242 e outra na BR 080, que estavam à época em estado de projeto e ainda estão.

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