Palocci nega enriquecimento ilícito, mas não revela clientes

Palocci nega enriquecimento ilícito, mas não revela clientes

Chefe da Casa Civil diz que não há crise e apela para a "boa-fé" das pessoas

Correio do Povo

Palocci nega enriquecimento ilícito, mas se recusa a revelar clientes

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O ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, veio a público pela primeira vez desde o início da crise gerada pela divulgação do seu aumento de patrimônio. Segundo ele, sua empresa de consultoria não tem informações secretas e tudo que for pedido pelos órgãos competentes será entregue. Apesar disso, em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, ele se negou a revelar a lista de clientes com os quais trabalhou.

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"Muitas pessoas me pediram para divulgar a lista de clientes", reconheceu Palocci. "Mas acho que não tenho o direito de fazer a divulgação. Eu devo assumir a responsabilidade pelas atividades da minha consultoria", enfatizou. "Semana passada, uma empresa admitiu que tinha contratos comigo e deputados da oposição foram imediatamente buscar uma acusação grave contra essa companhia. Acusaram de ter restituição de impostos mais rápido, por minha intervenção. Logo depois a Receita Federal negou e trouxe a informação correta", argumentou o ministro.

Palocci também negou tirar proveito de sua posição política em qualquer tipo de atividade de empresas privadas com o setor público. "Eu tenho esclarecido, e reafirmo, que minha empresa jamais atuou junto a orgãos públicos. Nem direta nem indiretamente, prestando consultoria para órgãos públicos ou representando empresas privadas nos órgãos públicos", garantiu. "A lei não me permitia isso e eu tinha perfeita clareza disso", frisou o ministro.

"Todo o faturamento da minha empresa foi registrado nos órgãos competentes: na prefeitura de São Paulo e na Receita Federal", salientou Palocci. "Cada serviço foi prestado com emissão de notas fiscais regulares e todos impostos recolhidos", detalhou.

Sobre o alto faturamento registrado em 2010, Palocci justificou as entradas de dinheiro pelo encerramento de atividades da consultoria. "O que o ocorr, é que no mês de dezembro encerrei as atividades da empresa, já que iria assumir um cargo na Presidência", sublinhou. "Todos os contratos foram encerrados e quitados. Então, todos os serviços prestados até ali, foram pagos neste momento, por isso que há uma arrecadação maior neste final de ano", argumentou o ministro. "Não foram coisas feitas naquele mês, foram serviços prestados ao longo de anos."

Palocci também negou qualquer crise no governo Dilma e reforçou que a população deve ter "boa-fé" e aguardar todos os seus esclarecimentos antes de fazer um juizo de valor.  "Não há uma crise, há uma questão em relação à minha pessoa. O governo segue sua vida e trabalha intensamente. Prefiro encarar assim e assumir plenamente a responsabilidade, prestar as informações aos órgãos competentes e dar minhas explicações", avaliou o ministro.

Questionado sobre a possibilidade de entregar o cargo, declarou: "A presidente Dilma tem o meu cargo e dos outros ministros à disposição. Não chegamos a conversar sobre isso, mas prestei contas de todos os procedimentos que tive e estou muito tranquilo". Mas também deixou claro que quem precisa provar culpa é quem o acusa. "Não há materialidade no que não se fez. Eu digo a vocês: não fiz atuação junto a empresas públicas, não fiz tráfico de influência, como vou provar? Tem que existir boa-fé nas pessoas. Por isso que a lei diz que quando há acusações legítimas, devem ser acompanhadas de provas substanciais."

Ao dar a entrevista, Palocci seguiu orientação da presidente Dilma Rousseff, que pediu que ele desse uma declaração o mais rápido possível sobre o aumento de seu patrimônio em 20 vezes, nos últimos quatro anos, justificado pelo sucesso de sua consultoria. Ele abandonou a ideia de esperar o pronunciamento do procurador-geral da República, Antonio Gurgel.

O PSDB classificou o pronunciamento de insuficiente e avaliou que crise de legitimidade do governo se agrava.

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