“Paulo Guedes se autodenomina Brumadinho”, afirma Joice Hasselmann

“Paulo Guedes se autodenomina Brumadinho”, afirma Joice Hasselmann

Líder do governo fez defesa enfática da reforma da Previdência, durante palestra em Porto Alegre

Flavia Bemfica

Líder do governo palestrou na Federasul

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A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), disse que o ministro da Economia, Paulo Guedes, se autodenomina de “Brumadinho” nas conversas com o presidente Jair Bolsonaro e outros integrantes do núcleo do governo quando trata da flexibilização da reforma da Previdência. “A gente tem que segurar o presidente um pouquinho porque ele fica agoniado, quer ver a coisa ser resolvida logo, pressionam, e às vezes dá uma declaração, dizendo que tem que flexibilizar um pouco. Aí o Paulo Guedes vai lá e fala assim: ‘Eu sou Brumadinho, eu sou Brumadinho, tá bom? Eu tô aqui segurando todo mundo, aí vem um, vaza aqui, vaza ali, daqui a pouco vocês me levam igual levaram Brumadinho. Não vem não.’ Aí ele vai lá e segura todo mundo, segura os ministros e às vezes o próprio presidente.”

A declaração foi feita na tarde desta sexta-feira na reunião-almoço “Tá na Mesa”, da Federasul, em Porto Alegre, da qual a deputada participou como palestrante. Na coletiva que se seguiu ao evento, Hasselmann ironizou a queda de dois ministros nos primeiros 40 dias de governo e disse que se o presidente quiser trocar todos os demais em um único dia, pode, porque “os cargos são dele”, como definiu. “Você quer os seis números da Mega-Sena?”, rebateu a deputada, quando questionada sobre se outros ministros poderiam ser substituídos a curto prazo. “Espero que o presidente não precise trocar mais nenhum. Agora, se quiser trocar todos em um único dia, e sem motivo, ele pode. Os cargos são dele. Se acordar amanhã e disser assim: quero trocar tudo, e puser todo mundo para fora, ele pode fazer.” 

Sobre se isso não geraria uma grande instabilidade, a deputada respondeu: “Eu não disse que ele vai. Eu disse que ele pode, porque os cargos são dele”.

Joice evita comentar polêmicas com filhos de Bolsonaro

A parlamentar não quis comentar o envolvimento dos filhos de Bolsonaro nas questões do governo, declarando que não ia “se meter” na relação do pai com os filhos. Também negou que o Executivo esteja promovendo um troca-troca com a liberação de emendas a parlamentares para que votem favoravelmente à reforma. “Isso é uma bobagem sem tamanho. Fico imaginando de onde sai tanta besteira. Isso deve ter sido coisa plantada pela oposição. É uma mentira deslavada. Emenda parlamentar é para o prefeito e o governador. Emenda parlamentar é para atender o povo. Essa cifra (o extra de R$ 40 milhões em emendas parlamentares até 2022) foi inventada. Não existe valor correto. A mídia faz confusão com qualquer coisa que o presidente diga”, afirmou. 

Hasselmann também negou que o governo esteja se preocupando com questões menores enquanto a economia dá sinais de paralisação, e creditou a queda em indicadores econômicos, como a projeção do PIB, ao governo Dilma (PT), que terminou em 2016: “Herdamos o PIB do maldito governo Dilma, que acabou com o país”. 

Lembrada de que o presidente anterior era Michel Temer (MDB), respondeu: “O Temer pegou da Dilma. Temer e Dilma foram eleitos juntos. Nós pegamos um Brasil destruído. Só vai ter investimento com Previdência. Ponto. A economia não vem ficando de lado. Se o presidente faz um tuíte ou não, eu sou da liberdade. O presidente pode fazer o que ele quiser e bem entender. Claro que para cada ação há uma reação. Ele é bem adulto e sabe. Ponto, acabou.”

Pedido de impeachment de Mourão: “Desgaste necessário”

Sobre sua avaliação a respeito do pedido de impeachment do vice-presidente Hamilton Mourão, feito pelo deputado Marcos Feliciano (PODE-SP), e já negado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Hasselmann lembrou que Feliciano é seu vice-líder e que ficou sabendo do pedido pelos jornais. “Conversei com ele, porque fiquei sabendo pelos jornais. Ele não me consultou, mas sou democrata. Não sou nem contra e nem a favor do pedido dele. Eu particularmente não faria. É um desgaste desnecessário. É estranho, sei lá se isso juridicamente tem algum fundamento.” 

A líder do governo ainda bateu pesado no presidente da Comissão Especial da Reforma na Câmara, deputado Marcelo Ramos (PR-AM), que disse que cada vez que Bolsonaro fala sobre o projeto, o desidrata de antemão. “Eu acho que o deputado devia fechar a boca”, disparou.

Sem mostrar dados, Joice traça cenário distópico sem reforma

Na palestra aos empresários, Hasselmann fez uma defesa enfática da reforma da Previdência nos moldes em que o governo enviou ao Congresso, classificou de “pilantras” parte dos críticos da proposta e pintou um cenário de “terra arrasada” para o país caso o projeto não seja aprovado. “Um Brasil sem a nova Previdência seria um Brasil com extrema recessão, com dólar batendo nos R$ 4,50, com a Bolsa jogada absolutamente para baixo, com o mercado imobiliário, que já está parado, se arrastando ainda mais. Se não aprovarmos, até 2023 vamos perder, no mínimo, mais 3 milhões de empregos. Com a população mais pobre, o dinheiro saindo do bolso, a gente vai ter revolta social”, disse, sem informar as fontes dos dados.

Na avaliação da parlamentar, é fundamental que os defensores da reforma adotem uma linguagem única. “Todo mundo repetindo a mesma coisa, mesma coisa, mesma coisa. Eu agora farei um evento onde vou reunir com todos os líderes comunitários das favelas para falar sobre Previdência. Aí, quando chegar um pilantra para dizer que a reforma vai tirar dinheiro do mais pobre, esse cara vai responder que não é assim.”


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