PDT define nesta semana próximo presidente da Famurs

PDT define nesta semana próximo presidente da Famurs

Sigla escolhe entre prefeitos de Guaíba, Campo Bom e Parobé, após campanha acirrada

Felipe Nabinger

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O comando da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) é feito por rodízio daqueles partidos com melhor desempenho nas eleições municipais. Embora haja acordo entre as siglas, isso não significa que não exista disputa ao cargo. Na próxima quinta-feira, o PDT, partido que substituirá o MDB no comando da entidade no final de maio, terá uma disputa interna que tende a ser acirrada. Os prefeitos de Guaíba, Marcelo Maranata, de Campo Bom, Luciano Orsi, e de Parobé, Diego Picucha, postulam a indicação da legenda para substituir Paulinho Salerno (MDB), de Restinga Sêca, na gestão 2023/24.

Chamada de “A Casa dos Municípios”, a Famurs desempenha papel importante e já teve, em seu comando, prefeitos que depois alçaram postos de deputados estaduais e federais. Não à toa, a campanha dos três pedetistas se assemelhe àquelas de postulantes ao parlamento. O trio vem, desde novembro do ano passado, visitando as cidades onde os trabalhistas têm prefeitos ou vices e os últimos movimentos de campanha se dão ainda nesta semana. A decisão caberá a 65 prefeitos e 69 vices, em um total de 134 votos. A votação, que ocorre das 8h às 17h, será feita de forma online. Cada um dos votantes recebe através de um e-mail um link e uma senha para votação. A tendência é que ainda ao final da tarde o PDT tenha a definição de quem será o escolhido.

Maranata é atual vice-presidente da entidade pela segunda gestão consecutiva, já tendo exercido o cargo quando a Famurs teve Eduardo Bonotto (PP) como presidente. Ele entende que isso lhe dê uma experiência frente aos demais candidatos. À frente do maior município com executivo chefiado pelo PDT, com mais de 98 mil habitantes, o prefeito de Guaíba ressalta que o fato de ter sido vice-prefeito também pode pesar em seu favor. A renúncia da candidatura de um quarto prefeito, Jacques Barbosa, de Santo Ângelo, é vista por ele como um fator de convergência. “Isso nos uniu e nessa convergência temos chance de assumir a presidência da casa”, analisa.

A presença dele em duas gestões, no entanto, é apontada por Orsi como um fator que pode favorecer os concorrentes. “Dar oportunidade a outros prefeitos é uma tradição do PDT. Com certeza é o momento de abrir espaço aos outros, para que todos possam estar à frente da entidade, dentro de uma visão de rotatividade!”, entende. O prefeito de Campo Bom, reeleito em 2020, acredita que por estar em seu segundo mandato, tem maior conhecimento das demandas municipalistas, podendo focar na entidade por não estar envolvido em campanha eleitoral no próximo ano.

Picucha, que a assumiu a prefeitura de Parobé em março de 2020, sendo eleito em pleito suplementar após cassação do prefeito Irton Feller e reeleito em novembro do mesmo ano, vê a disputa entre os três como natural. “É uma disputa muito importante para o partido. Acabamos conhecendo os prefeitos e havendo troca de informações. Só tem a somar ao partido e a Famurs”, entende o chefe do executivo de Parobé, defensor de um “suporte mais técnico” e de uma maior aproximação da entidade com os municípios.

Reforma Tributária em pauta

Entre os temas comuns elencados pelos candidatos como prioridades em uma eventual gestão estão o combate à estiagem, a educação e pagamento do piso de servidores, a reposição do ICMS e a Reforma Tributária. Embora a discussão seja de âmbito federal, a aprovação de mudanças no pacto federativo afeta a arrecadação de impostos na ponta, nos municípios. O tema, aliás, será um dos principais da Marcha dos Prefeitos, promovida pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em Brasília, entre os dias 27 e 30 deste mês. Há temor por parte dos prefeitos quanto à perda de arrecadação e de autonomia sobre os recursos.

“A Reforma Tributária é uma das coisas que mais me preocupa e que vai precisar da união dos prefeitos, da Famurs, de outras entidades e da CNM”, diz Maranata. Ele entende ser importante o papel do governador Eduardo Leite (PSDB) na pauta geral dos municípios e que o tucano tem “governando com olhar de prefeito”.

Orsi diz ver a questão com preocupação, não só como prefeito, mas como contribuinte e como cidadão. “Sabemos o quanto se espera, principalmente entre os empreendedores, uma reforma com simplificação ou até redução de impostos”, diz, completando que a União deveria abrir mão de recursos em prol dos municípios. “Queremos uma reforma em que os municípios, que têm maiores obrigações, tenham recursos condizentes com essas obrigações.”

Picucha entende a necessidade de seguir um trabalho próximo à CNM nos assuntos que tratam dos repasses das compensações do ICMS e da reforma. “A comunidade não pode pagar o preço, mas o município também não. Perdemos recursos e capacidade de investimento em saúde, educação e na qualidade de vida da população”, analisa.


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