Pedido de cassação de Janones vai para Conselho de Ética, mas análise fica para 2024

Pedido de cassação de Janones vai para Conselho de Ética, mas análise fica para 2024

Janones é acusado por ex-assessores de seu gabinete de praticar "rachadinha

AE

O deputado federal André Janones em fala na Câmara

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O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) encaminhou nesta quinta-feira o pedido de cassação do deputado federal André Janones (Avante-MG), apresentado pela legenda dele, o Partido Liberal (PL), para o Conselho de Ética da Câmara. O parlamentar preside interinamente a Casa enquanto Arthur Lira (PP-AL) viaja para a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP-28, em Dubai, nos Emirados Árabes.

O requerimento, assinado pelo presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, foi protocolado no último dia 28. Janones é acusado por ex-assessores de seu gabinete de praticar "rachadinha". Ele foi gravado pedindo que funcionários arcassem com suas despesas pessoais. O deputado diz que vai provar que a fala dele foi retirada de contexto.

"É inequívoca a quebra de decoro parlamentar do representado, deputado André Janones, que solicitou parte dos salários dos servidores lotados em seu gabinete parlamentar para seu próprio proveito econômico", diz o pedido protocolado pelo PL.

O partido usou uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para embasar o documento. O magistrado atua como relator de inquéritos que têm o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados dele na mira e é frequentemente alvo de críticas de bolsonaristas.

Agora, o Conselho de Ética da Casa vai deliberar sobre a possível cassação do deputado do Avante. O presidente do colegiado, deputado Leur Lomanto Júnior (União Brasil-BA), afirmou que a apreciação do texto ficará para 2024, pelo curto prazo até o recesso parlamentar. Se a punição for aprovada pelo colegiado, Janones poderá recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Janones é alvo de inquérito sobre as supostas "rachadinhas"

Além do pedido de cassação protocolado na Câmara pelo PL, 46 deputados da oposição acionaram a Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Janones no final de novembro.

No último dia 4, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito contra o parlamentar, a pedido da Procuradoria. No despacho, o magistrado destacou que a medida é um ato formal para que a investigação proposta pela PGR possa tramitar regularmente e não significa formação de juízo quanto à procedência ou improcedência dos indícios de autoria ou materialidade pelo parlamentar.

Cefas Luiz e Fabrício Ferreira, ex-assessores de Janones na Câmara, acusam o deputado de cobrar de funcionários de seu gabinete o repasse de parte dos salários recebidos. Cefas Luiz gravou um áudio no dia 5 de fevereiro de 2019, em uma reunião na qual Janones exigia que funcionários do seu gabinete na Câmara o ajudassem a pagar suas despesas pessoais.

A gravação foi revelada pelo Metrópoles e obtida pelo Estadão. De acordo com um trecho do áudio, o parlamentar afirma que seu patrimônio foi dilapidado durante campanha eleitoral de 2016 e diz achar justo que as "pessoas participem da reconstrução disso".

Em nota, Janones afirmou que suas declarações foram retiradas de contexto e negou a prática de "rachadinha". Ele disse ainda que o inquérito é "o único meio" para ele provar sua inocência. "Sem investigação, são tudo falácias. Vai ter minha palavra de um lado e a palavra do assessor do outro. A única maneira em que as minhas palavras podem ser transformadas em formas cabais da minha inocência é através da investigação", disse o deputado no último dia 1º.


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